INTRODUÇÃOEm sequência ao estudo das Cartas às Igrejas da Ásia Menor, refletiremos, nesta aula, a respeito da igreja de Sardes. Contextualizaremos, a princípio, a igreja, destacando sua posição no cenário histórico-geográfico. Em seguida, trataremos a respeito da sua condição espiritual, avaliada como morta pelo Senhor. Ao final, apontaremos a necessidade, não somente para aquela igreja, mas a todas na mesma situação, de um despertamento, movido pelo Espírito e direcionado pela Palavra de Deus.
1. A IGREJA DE SARDESSardes,
fundada em 700 a. C., era uma cidade que vivia do seu passado, como
muitas igrejas tradicionais dos dias atuais. Estava localizada a 50
milhas a leste de Éfeso e tornou-se a capital da Lídia no século VII a.
C., experimentou tempos gloriosos nos tempos do rei Creso. O orgulho de
Sardes foi abatido em 529, quando Crito, o rei da Pérsia, a invadiu,
depois de ter cercado a cidade por treze dias. Em 218 a. C., Antíoco
Epifânio dominou a cidade, justamente por causa da autoconfiança dos
seus líderes. Um motivo para a igreja permanecer alerta, pois, se não
procedesse assim, disse Jesus, “virei como um ladrão”, repentinamente
(Ap. 3.3). A reconstrução da cidade se deu durante o período de
Alexandre, o Grande, sendo dedicada à deusa Cibele, equiparada a deusa
Artemis dos gregos. Para os religiosos da cidade, essa deusa era a
responsável por dar a vida aos mortos. Mas Cristo revela a essa igreja
que conhece as suas obras, e que se envolver com aquela divindade de
nada adiantava, já “que tens nome de que vives e estás morto” (Ap. 3.1).
Ao longo do tempo, Sardes se tornou um grande centro de promiscuidade
sexual, assumindo uma posição de decadência. A igreja de Sardes perdeu a
posição de sal da terra e luz do mundo, para ser influenciada pelos
valores pagãos (Mt. 5.13-16). A fama de outrora não poderia mais
sustentar a posição da igreja. De nada adianta um passado glorioso se já
não estamos mais alicerçados sobre os princípios antigamente defendidos
e vividos pelos nossos pais.
2. UMA IGREJA MORTAJesus
se revela ao anjo da igreja de Sardes como “o que tem os sete espíritos
de Deus e as sete estrelas” (Ap. 3.1). O problema daquela igreja é que
ela vivia de aparências, ela tinha “um nome”, era uma igreja, como se
costuma dizer, “tradicional”, ou melhor, “clássica”. Na avaliação de
Cristo, ela era um cemitério espiritual, isto é, estava morta. O “nome”
respeitável que tinha não passava de fachada, os crentes que ali
congregavam, do mesmo modo que acontece em algumas igrejas evangélicas
brasileiras, eram apenas nominais. Isso porque já constatamos o fenômeno
de crentes nominais no meio evangélico, algo bastante comum entre os
católicos. Não são poucos os que são filhos de crentes, e mesmo não
tendo nascido de novo (Jo. 3.3), se dizem evangélicos. Tantos outros
frequentam a igreja apenas para se sentirem bem, para saírem de “bom
astral”. A falta de compromisso com as verdades evangélicas está se
tornando comum em muitas igrejas. O mundo acaba entrando na igreja, os
cristãos de Sardes tinham medo de ser contracultura, por isso, se
deixavam levar pela correnteza. O anjo da igreja, ao invés de fazer
prevalecer a Palavra de Deus, se deixava controlar pela voz do povo.
Para essa igreja, como em tantas hoje que se arvoram cristãs, “a voz do
povo era a voz de Deus”. Tremendo engano, pois Jesus, o Senhor, é Aquele
que tem as sete estrelas em sua mão direita (Ap. 1.20). Ele conhece
profundamente a Sua igreja, sabe quando esta tem apenas reputação, mas
lhe falta caráter. A reputação é o que os outros dizem a nosso respeito,
o caráter é o que Deus sabe que realmente somos. O Senhor nosso Deus
não está preocupado com a aparência das igrejas, se essas têm templos
suntuosos, Seu principal cuidado é com as intenções do coração, ele,
diferentemente dos homens, vê o interior (I Sm. 16.7). Paulo destaca,
naquele tempo, que muitos tinham forma de bondade, mas negavam a
eficácia do que defendiam (II Tm. 3.5), esses não passavam de sepulcros
caiados, fariseus hipócritas que diziam uma coisa e faziam outra (Mt.
8.22; Lc. 9.60; Ef. 2.1; I Tm. 5.6 e Jo. 5.25). Tal como acontecia nos
tempos de Isaias, eles louvavam a Deus com os lábios, mas seus corações
estavam longe do Senhor (Is. 29.13).
3. CONCLAME AO DESPERTAMENTOEssa
igreja que se encontrava morta diante de Cristo carecia de um
despertamento espiritual (Ef. 5.14). Os crentes de Sardes precisavam
acordar, o arrependimento era uma condição, a vigilância foi uma ordem
do Senhor (Ap. 3.2). Ao invés de se fiar em sua história, fama e glória,
a igreja deveria se voltar para a Palavra de Deus, isto é, ao que tinha
“recebido e ouvido”. Uma igreja genuinamente evangélica não se gloria
na arquitetura dos seus templos, da glória do seu passado, antes está
comprometida com a pregação e o ensino da Palavra. A autoridade da
igreja não está na sua influência política, muito menos no seu poderio
econômico. É a ministração da Palavra de Deus que outorga autoridade à
igreja de Jesus Cristo. Uma igreja sem Bíblia nada tem a dizer ao mundo,
não passa de religiosidade aparente. Não podemos esquecer-nos do que
ouvimos (Fp. 4.9) por intermédio de Jesus Cristo, o Apocalipse de Deus
(Hb. 1.1,2), testemunhado pelos Seus apóstolos (I Jo. 1.1) e registrado
nas Escrituras (II Tm. 3.16,17). Por isso, os obreiros são instados,
pelo Espírito Santo, através de Paulo, a manejarem bem a palavra (II Tm.
2.15), mas a também viverem por meio dessa mesma Palavra (Tg. 1.21).
Mas felizmente havia um remanescente fiel na igreja de Sardes, “algumas
pessoas que não contaminaram suas vestes”, esses, apesar da hipocrisia
eclesiástica, viviam em santidade, tinha um relacionamento com Deus (Ap.
3.4). Do Senhor receberam a seguinte promessa: “de maneira nenhuma
riscarei o seu nome do livro da vida e confessarei o seu nome diante de
meu pai e diante dos seus anjos” (Ap. 3.5).
CONCLUSÃOAs
vestes brancas dizem respeito à pureza do crente no céu, já que esses
foram purificados no sangue do Cordeiro (Ap. 7.14; 22.14). Eles também
serão reconhecidos como cidadãos dos céus, pois seus nomes estão
arrolados no livro da vida. Muitos se gloriam da fama e riqueza que
conseguiram acumular, até mesmo dos milagres que realizaram, mas a maior
alegria do cristão é saber que o seu nome está escrito no céu (Lc.
10.20). Na eternidade, esses receberão o testemunho do próprio Cristo,
“portanto, qualquer que me confessar diante dos homens”, diz Jesus, “eu o
confessarei diante de meu Pai que está nos céus” (Mt. 10.32). Desperta
enquanto há tempo, e que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às
igrejas.
Prof. José Roberto A. Barbosa
BIBLIOGRAFIALAWSON, S. J. As sete igrejas do Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
STOTT, J. O que Cristo pensa da
igreja. Campinas: United Press, 1999.
STOTT, J. O que Cristo pensa da
Nenhum comentário:
Postar um comentário