18 de novembro de 2012
TEXTO ÁUREO
“[...] Tem,
porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se
obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e
o atender melhor é do que o gordura de carneiros” (1 Sm 15.22). - O obedecer é
melhor do que o sacrificar: embora Samuel obviamente não acredite na desculpa
de Saul (veja V. 19), mostra que, mesmo na hipótese de haver verdade nisso, a
lição é que a prática de rituais não tem valor quando não é acompanhada por um
espírito sincero e submisso. Veja denuncias semelhantes de rituais sem
conteúdo, feitas posteriormente por outros profetas de Israel (Is 1.10-17;Jr
6.19-20; 7.21-26; Os 6.6; Am 5.21-24; Mq 6.6-8; Sl 51.16-17; Pv 15.8; 21.3,27).
VERDADE PRÁTICA
A mensagem de
Miqueias leva-nos a pensar seriamente acerca do tipo de cristianismo que
estamos vivendo.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Miqueias 1.1-5; 6.6-8.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar a estrutura da mensagem de Miqueias.
- Definir a obediência bíblica.
- Conscientizar-se de que o ritual religioso não proporciona relacionamento íntimo com Deus e nem salvação.
Palavra Chave
Obediência:
1. Cumprimento da vontade alheia.
2. Submissão.
3. Preito de homenagem.
4. Domínio, autoridade.
INTRODUÇÃO
O ministério profético de Miquéias tem lugar numa época dominada por um
enorme contraste, tanto em Israel quanto em Judá, entre os excessivamente ricos
e os pobres oprimidos, devido à exploração da classe média de Israel (veja
2.1-5). Os ricos opressores eram apoiados por líderes corruptos políticos e
religiosos de Israel. Em razão dessa má liderança, toda a nação tornou-se
corrupta e digna de julgamento. Miquéias é levantado por Deus nesse cenário,
para proclamar que o Santo e Justo não tolerará mais a maldade de seu povo. Os
pecados morais e religiosos da ganância e da idolatria daqueles dias foram o
fator desencadeador do ministério profético de Miquéias. Tenham todos uma
excelente e abençoada aula!
I. O LIVRO DE
MIQUEIAS
1. Contexto
histórico.
Ele profetizou nos dias de Jotão , Acaz e Ezequias, reis de Israel e de Judá
entre 750 e 680 a.C., antes e depois da tomada de Samaria pelos assírios em 721 a.C., tendo
sido contemporâneo de Oséias e de Isaías. Não há muitas informações sobre a sua vida
pessoal, sabemos que ele era Morastita, ou seja, morador de Moreseti- Gate. O
local fica na área em redor de Beit-Jibrim, situada a aproximadamente 32 km ao
sudoeste de Jerusalém e a 27 km a oeste de Tecoa, onde vivia Amós. Seu nome (מִיכָיְהּ, Mikhayhu), significa “quem é como Jeová?”
Aparentemente ele faz um jogo de palavras sobre isto em 7.18: “Quem, ó Deus, é
semelhante a ti?”. Contemporâneo de Isaias e como este, serviu no reino do sul,
Judá, sendo que, seu ministério iniciou depois do de Isaías e provavelmente,
tenha terminado um pouco antes. Por
sua origem camponesa se assemelha à Amós, com quem compartilha uma aversão às
grandes cidades e uma linguagem concreta e franca, nas comparações breves e nos
jogos de palavras.
2. Estrutura
e mensagem. O assunto do livro divide-se em três seções: na
primeira condena os pecados da Samaria e de Judá, principalmente as injustiças
praticadas pelos ricos e poderosos que despojavam injustamente os pobres; a
segunda começa com um vaticínio sobre a restauração de Jerusalém, sobre a qual
virão as nações estrangeiras e das quais esta se libertará; a terceira
corresponde a um processo contra Jerusalém devido às suas idolatrias. A
mensagem de Miquéias dirigia-se a Israel e Judá, endereçada primeiramente as
respectivas capitais, Samaria e Jerusalém. Suas três ideias principais eram: os
pecados, a destruição e a restauração deles. Tais ideias no livro são mistura
das, com transições súbitas da descrição da desolação presente à da glória
futura. Samaria era a capital do reino do norte, seus governantes eram
responsáveis direto pela corrupção nacional dominante. Sendo que 200 anos antes
apostataram de Deus e adotaram o culto do bezerro e a baal e outros ídolos e
práticas idólatras dos cananeus. Deus lhes enviara Elias, Eliseu e Amós pra
fazê-los abandonar os ídolos, não aceitaram as mensagens dos profetas, já
estavam amadurecidos para o golpe de morte. Miquéias chegou a ver a realização
de suas palavras, os assírios levaram todo norte de Israel e em Samaria mesma
tornou-se um montão. Na fronteira dos filisteus, na própria cidade natal de
Miquéias foi invadida e devastada e pelos assírios, enquanto o reino do norte
era derribado.
II. A
OBEDIÊNCIA A DEUS
1. O conceito
bíblico de obediência. O verbo hebraico šāma’ (raiz primitiva):
“ouvir com inteligência – com implicação de atenção, obediência. Basicamente
significa ouvir. O uso mais conhecido deste termo é para introduzir o Shemá,
“Ouve, Israel”, seguido pelo conteúdo daquilo que os israelitas devem entender
acerca do Senhor, seu Deus, e sobre como devem responder a Ele (Dt 6.4).
Miqueias apresenta sua profecia a Judá e Israel, mostrando que Deus é o responsável
por julgar a falta de temor do povo para com seu Deus. Ele denuncia os falsos
profetas, os líderes desonestos e os sacerdotes ímpios que enganavam o povo e o
conduziam ao pecado, ao invés de direcioná-los a uma vida mais próxima de Deus.
Por mais que se pratique de forma correta os rituais que a Lei ordena, esses
rituais não podem ser suficientes se o coração do povo mantinha seus pecados.
Deus estava irado com Samaria e Jerusalém, pois o povo não o adorava de
coração. Isso não significa que Deus abomina rituais. Ele mesmo prescreveu em
Levítico a liturgia e as festas religiosas. O que deixou Deus irado foi o povo
imaginar que seguindo corretamente os rituais, estariam isentos de uma vida de
fé e das obrigações sociais da Lei quanto ao auxílio dos pobres. “Agradar-se-á
o SENHOR de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu
primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu ventre, pelo pecado da
minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede
de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes
humildemente com o teu Deus?” (Mq 6.7,8). O profeta deixa claro o desejo de
Deus para os israelitas, numa referência que serve também para a Igreja do
Senhor: a prática da justiça, o amor à bondade e o andar de forma não soberba
diante de nossos pares e do próprio Deus.
2. A
desobediência das nações. O julgamento do Senhor contra Israel e Judá
exemplifica e configura o julgamento divino contra todos os povos que comentem
idolatria e crimes sociais.
3. A ira de
Deus sobre o pecado (1.3-5). Como Miquéias estava muito interessado na
injustiça social, não é de surpreender que a sua profecia fosse dirigida a
Samaria e Jerusalém (Mq 1.1,5). Estas cidades eram habitadas pelas classes mais
ricas e privilegiadas da sociedade, e havia muitas desumanidades sendo
cometidas contra os grupos menos afortunados. Miqueias apresenta sua profecia a
Judá e Israel, mostrando que Deus é o responsável por julgar a falta de temor
do povo para com seu Deus. Ele denuncia os falsos profetas, os líderes
desonestos e os sacerdotes ímpios que enganavam o povo e o conduziam ao pecado,
ao invés de direcioná-los a uma vida mais próxima de Deus.
III. O RITUAL
RELIGIOSO
1. O rito
levítico.
O termo hebraico para rito é mê’mar (rito, determinação,
mandato), derivado do aramaico e corresponde ao termo mâ’amar
(alguma coisa oficialmente dita; um decreto; mandamento). Esta palavra se
origina do verbo aramaico comum ‘amar, que significa dizer.
Rito é o conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas através das quais
externamos a fé. A maioria dos grupos protestantes
concordam entre si que Cristo deixou à Igreja duas observâncias - ou ritos – ou
sacramentos - a serem incorporadas no culto cristão: o batismo nas águas e a
Ceia do Senhor. (O protestantismo, seguindo os reformadores, tem rejeitado a
natureza sacramental de todos os ritos menos os dois originais). Desde os
tempos de Agostinho, muitos têm seguido a opinião de que tanto o batismo quanto
a Ceia do Senhor servem como "sinal exterior e visível de uma graça
interior e espiritual". O problema não está na prática dos ritos, mas na
interpretação do seu significado (por exemplo, o que subentende uma "graça
interior e espiritual"?). Estes ritos históricos da fé cristã são
normalmente chamados sacramentos ou ordenanças. Alguns empregam os termos de
modo intercambiável, ao passo que outros defendem que o entendimento correto
das diferenças entre os conceitos é importante para a correta aplicação
teológica. O Catolicismo Romano, a Ortodoxia Oriental e algumas das
denominações protestantes usam o termo "sacramento" para se referir a
"um sinal/ritual que resulta na graça de Deus sendo transmitida para o
indivíduo". Geralmente existem sete sacramentos nessas denominações. Eles
são o batismo, a confirmação, a sagrada comunhão, a confissão, o casamento, as
ordens sagradas e a unção dos enfermos. Segundo a Igreja Católica, "há
sete sacramentos. Eles foram instituídos por Cristo, devem ser administrados
pela igreja e são necessários para a salvação. Os sacramentos são os veículos
da graça que eles transmitem." A Bíblia, ao contrário, diz-nos que a graça
não é dada através de símbolos externos e nenhum ritual é "necessário para
a salvação". A graça é gratuita (Tt 3.4-7). Esses cerimonialismos, contudo, não
substituem o relacionamento sincero com Deus, nem proporcionam salvação (1 Sm
15.22; Sl 40.6-8; 51.16,17; 1 Co 1.14-17; 11.28,29).
2. O diálogo
de Deus com o povo (6.6). O texto do capítulo 6 apresenta um exemplo
clássico da ação judicial profética, onde o Senhor pleiteia os termos da
aliança contra o seu povo desobediente. A mensagem inicia com uma cena de
julgamento na qual o Senhor é aquele que apresenta a queixa, Miquéias é o seu
enviado, os montes são as testemunhas, e Israel é o acusado (6.1,2) Como o
representante de Deus, Miquéias deve acionar a causa de Deus contra o povo. Os
versículos 6 a 8 apresentam uma réplica de Israel ao processo de Deus, no qual
se reivindica ignorância, apresentando questões ao Senhor acerca do que é
aceitável para ele. A resposta implícita é que nada é aceitável, a menos que
essa pessoa esteja num relacionamento adequado com Deus e seu próximo. A
perícope também mostra a inadequação do sistema sacrificial inteiro, sem o
acompanhamento de uma fé obediente (Hb 9.11; 10.1-14).
3. Sacrifício
humano (6.7). Mediante a progressão retórica dos sacrifícios – bezerros... milhares
de carneiros... o meu primogênito - Miquéias expôs o absurdo da dependência de
Israel dos ritos e sacrifícios vazios para merecer o favor divino. Tal
confiança demonstrava uma profunda falta de compreensão da graça divina, pois a
salvação de Israel era gratuita e não por méritos (6.4,5). Além disso, as
obrigações da aliança por parte de Israel subentendiam justiça social, e não
somente liturgia (6.8).
IV. O GRANDE MANDAMENTO
1. A vontade de Deus. Deus estava realmente procurando uma resposta ética
de seu povo da aliança. Os mestres da Lei encontraram 613 preceitos, no Salmo
15 estes estão reduzido a 11, em Isaías 33.15 a 6 mandamentos; Miquéias condensa-os
a três: ser honesto em tudo o que fizer; cultivar fidelidade compassiva, e
comprometer-se a viver em submissão a Deus. A Bíblia valoriza a obediência de
todo o coração acima da conformidade religiosa externa. O ritual de
sacrifícios, ou qualquer outra religiosidade externa, sem uma mudança de
atitude interior do espírito, fica aquém do arrependimento verdadeiro.
2. O sumário de toda a lei (6.8b). Benevolência, chesed; Strong 02617: Generosidade, misericórdia, bondade, amor
infalível; ternura, fidelidade. Chesed
ocorre 250 vezes na Bíblia. Ela pode ser melhor traduzida como “bondade”,
embora, fidelidade seja, às vezes, a ideia principal. Na maioria das vezes, nas
Escrituras, chesed é usada
para a misericórdia de Deus. Em Mateus 9.13 Jesus chama misericórdia de assunto
mais importante da lei (Mt 23.23). A bondade é uma característica que Deus
espera que o homem possua. O homem é tendencioso a ser escrupulosamente atento
às coisas externas e esquecer dos princípios fundamentais de moralidade. O Novo
Testamento considera a obediência cristã como a prática de boas obras. Os
crentes são ricos de boas obras. Não obstante isso, o legalismo distorce a
obediência, a motivação e o propósito e jamais produzirá boas obras (Mt
22.37-40).
CONCLUSÃO
Nesta lição vimos que por mais que se
pratique de forma correta os rituais que a Lei ordena, esses rituais não podem
ser suficientes se o coração do povo não estiver livre de seus pecados. Deus
estava irado com Samaria e Jerusalém, pois o povo não o adorava de coração. O
povo de Israel e Judá na sua ignorância acerca da vontade do Senhor preferia
multiplicar os holocaustos e dar toda a atenção ao cerimonial. Eles não
percebiam que o que Deus queria era uma vida de justiça, misericórdia e fé.
Muitos crentes também estão presos no ritualismo vazio sem jamais buscarem pela
justiça e demais qualidades dadas por Deus. Miquéias deixa claro o desejo de
Deus para os israelitas, numa referência que serve também para a Igreja do
Senhor: a prática da justiça, o amor à bondade e o andar de forma não soberba
diante de nossos pares e do próprio Deus.
EXERCÍCIOS
1.
Qual o assunto do livro de Miqueias?
R. O assunto do livro é a ira divina em relação aos pecados de
Samaria e de Jerusalém.
2.
Qual a definição de obediência?
R. É acatar ordens de autoridade religiosa, civil ou familiar.
3.
Qual o significado da palavra “rito” e quais são os dois rituais do
cristianismo?
R. Cerimônia religiosa, uso, costume, hábito, forma, processo,
modo. E os dois rituais do cristianismo são o batismo e a ceia do Senhor.
4.
Desde quando o estilo de vida que agrada a Deus foi comunicado ao povo?
R. Desde Moisés.
5.
Qual é a maior declaração do Antigo Testamento?
R. Os três preceitos — praticar a justiça, amar a beneficência e
andar humildemente com Deus.
Francisco de Assis Barbosa
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
TEXTOS UTILIZADOS:
-. Lições Bíblicas do 2º Trimestre de 2012, Jovens e Adultos, As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja; Comentarista: Claudionor de Andrade; CPAD;
- Louis Berkhof – Teologia Sistemática – p. 68
- http://www.monergismo.com/textos/atributos_deus/moral_berkhof.htm
- Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
-. Lições Bíblicas do 2º Trimestre de 2012, Jovens e Adultos, As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja; Comentarista: Claudionor de Andrade; CPAD;
- Louis Berkhof – Teologia Sistemática – p. 68
- http://www.monergismo.com/textos/atributos_deus/moral_berkhof.htm
- Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
OBRAS CONSULTADAS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Palavra Chave Hebraico e Grego, - 2ª Ed.; 2ª reimpr. Rio de Janeiro: CPAD, 2011;
- ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.
- SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
- SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento Ed. Vida Nova SP 1. Edição
- CHAMPLIM, Russel Normam. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia . Ed. Candeia 3. Edição 1995 São Paulo
http://www.priberam.pt/dlpo/
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Palavra Chave Hebraico e Grego, - 2ª Ed.; 2ª reimpr. Rio de Janeiro: CPAD, 2011;
- ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD. 2009.
- SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.
- SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento Ed. Vida Nova SP 1. Edição
- CHAMPLIM, Russel Normam. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia . Ed. Candeia 3. Edição 1995 São Paulo
http://www.priberam.pt/dlpo/
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