Em continuidade ao estudo de Elias e Eliseu, trataremos, na aula de
hoje, a respeito da história de um milagre. Inicialmente definiremos biblicamente
o que é um milagre, em seguida, abordaremos o texto bíblico alusivo à lição,
sobre a multiplicação do azeite da viúva, e ao final, mostraremos que o Deus da
Bíblia ainda é o mesmo e que realiza milagres, sempre de acordo com Seus
propósitos soberanos.
1. MILAGRE, DEFINIÇÕES
BÍBLICAS
Existem várias palavras
bíblicas para milagre, geralmente atreladas ao conceito de sinal. O termo
hebraico mais recorrente é ot, com o sentido de sinal ou milagre, ressaltando
uma marca distintiva ou visível de uma manifestação divina. É digno de destaque
que essa palavra se encontra em Gn. 1.14, fazendo referência à ordem criada por
Deus. Por conseguinte, compreendemos que a própria natureza é um milagre de
Deus, o sol e a lua são exemplos dessa verdade. Em geral, ot diz respeito a um
milagre ou sinal proveniente do próprio Deus. O arco-íris, que apareceu no céu,
após o dilúvio, é um sinal de Deus (Gn. 9.12). O dia de descanso também é um
sinal de Deus a fim de preservar o bem estar do Seu povo (Ex. 31.13). Mas a
ocorrência mais comum de ot é de um milagre, uma revelação ou atuação divina.
As pragas com o objetivo de julgar a terra do Egito e libertar o povo de Israel
da escravidão tratou-se de um milagre ou sinal de Yahweh (Ex. 7.3; 8.23). O
mesmo pode ser dito a respeito da visitação do anjo da morte (Ex. 12.13) que
deu origem à Páscoa. O nascimento predito do servo sofredor, de uma virgem,
seria um milagre (Is. 7.11,14). A travessia do Jordão pelo povo de Israel foi
que resultou na construção de um memorial (Js. 4.6). A palavra hebraica mophet
é sinônima de ot e significa tanto sinal quanto milagre e maravilha. O Senhor é
o sujeito dos milagres, é Ele quem os realiza (Dt. 13.1; 28.46; I Rs. 13.3; Sl.
105.5). Outra palavra hebraica para milagre é pala, que se refere aos feitos
extraordinários de Deus, tais como os realizados no Egito (Ex. 3.20) e
prometidos ao povo de Israel quando esse adentrasse à terra prometida (Js.
3.5). No Novo Testamento a palavra para sinal é semeion, equivalente à hebraica
ot. Os judeus dos tempos de Jesus queriam ver sinais, isto é, milagres (Jo.
2.18; 6.30), especialmente os fariseus (Mt. 12.38; 16.1; Mc. 8.11; Lc. 11.16,
29). Jesus realizou muitos milagres, mesmo assim os religiosos da sua época não
acreditaram nEle. Isso porque os milagres somente podem ser recebidos pelos
olhos da fé, o homem racional tenderá a negá-los, além disso, há pessoas que ficam
dependentes deles (Jo. 2.11,23; 3.2; 4.48, 54; 6.2,14,26,30; 7.31; 11.47; At.
2.22). Os apóstolos também realizaram muitos milagres, como testemunho (At.
1.8) da autoridade divina a eles conferida (At. 2.34; 4.16; 5.12; 6.8).
2. A
HISTÓRIA DE UM MILAGRE DOMICILIAR
Em II R. 4.1-7 nos deparamos com a história de uma mulher que era
esposa de um dos discípulos dos profetas. A morte do seu marido, que havia sido
servo de Eliseu, deixou aquela família em situação precária. Muitas dívidas
assolavam aquela casa, isso porque um dos credores havia ameaçado vender os
dois filhas da mulher como escravos a fim de que a dívida fosse saldada, algo
legitimado pela lei (Ex. 21.7; Lv. 25.39; Ne. 5.5; Is. 50.1; Jr. 34.8-11).
Diante daquela situação angustiante, a mulher apelou ao profeta Eliseu, a fim
de que esse encontrasse uma solução. Eliseu quis saber o que aquela mulher
tinha em casa (I Rs. 4.2). Ela respondeu que nada tinha de valor, a não ser uma
botija de azeite. É assim que Deus trabalha, muitas vezes dispomos de tão
pouco, mesmo assim Ele não despreza o que temos para oferecer. A multiplicação
do azeite aconteceria em seguida, mas a mulher deveria tomar vasilhas
emprestadas na vizinhança. Ela somente pode fazê-lo porque desfrutava de bom
relacionamento com os vizinhos. Há crentes que não poderiam fazer o mesmo, pois
lhes falta um convívio respeitoso com a vizinhança. O profeta Eliseu dá uma
instrução específica: a mulher deveria entrar e fechar a porta, a fim de
testemunharem o grandioso milagre de Deus. Enquanto havia vasilha a
multiplicação do azeite não parou, a provisão de Deus é suficiente, evita
desperdícios (Mt. 4.13-21). O milagre de Deus não é para a ostentação, algumas
pessoas, inclusive nas igrejas evangélicas, que por amarem o dinheiro, se
desviam da fé (I Tm. 6.10). A situação da viúva foi resolvida porque Deus
entrou em ação através do profeta Eliseu. Mas ela precisou fazer a sua parte,
comercializando o azeite multiplicado (II Rs. 4.7). Quantas pessoas que não
tomam iniciativa na vida, querem tudo sem fazer o menor esforço, essa não é uma
prática cristã. Não podemos esquecer que o trabalho é uma ordenança divina, e
que este dignifica o homem, principalmente quando este ajuda aos outros (I Ts.
4.10-12; II Ts. 3.10-12; Ef. 4.28).
3. DEUS AINDA REALIZA
MILAGRES
Deus continua realizando milagres hoje, isso porque Jesus Cristo é
mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb. 13.8). Infelizmente algumas igrejas
pseudopentecostais estão transformando milagres em negócios. Elas não pregam a
salvação em Jesus Cristo, deixam de atentar para o fato bíblico de que os
milagres são sinais, portanto, devem apontar para o caráter salvífico de Cristo
(Mc. 16.15,16). Mas porque elas fazem uso indevido dos milagres, nós, os
pentecostais, não devemos desconsiderar essa importante doutrina bíblica. A fé
é condição necessária para a realização de milagres, todos os que se aproximam
de Deus precisam tê-la, sem esta é impossível agradá-LO (Hb. 11.1,6). Nos
tempos de Jesus muitos foram curados porque creram no poder de Deus (Mt.
9.28,29), mas outros não receberam o milagre porque descreram (Mt. 14.30,31).
Não podemos deixar de atentar para a orientação bíblica de que os milagres têm
um propósito, e este é o de glorificar a Deus e não aos homens (Jo. 11.4).
Muitas igrejas evangélicas, se é que assim podem ser denominadas, estão
explorando comercialmente os milagres. Elas não testificam da mensagem da
salvação, muito menos da santificação, seus motivos são egoístas (Jo. 6.26). Os
milagres, desde o Antigo Testamento, tinham como propósito revelar a veracidade
da mensagem divina (Ex. 4.1-17). Uma igreja genuinamente cristã, e
verdadeiramente pentecostal, defende a atualidade dos milagres nos dias de hoje
(I Co. 12.8-10). Ela ensina também o evangelho em sua totalidade, incluindo a
doutrina da salvação e da santificação (II Tm. 3.16).
CONCLUSÃO
Através do profeta Elias Deus realizou um milagre na casa da viúva,
ela tinha muito pouco, apenas uma botija de azeite. Nos dias atuais Deus
continua realizando milagres, eles servem para mostrar a veracidade da mensagem
evangélica. Toda igreja genuinamente pentecostal estimula a fé dos seus
membros. Ela não despreza a atualidade dos milagres, principalmente dos dons
espirituais. A ênfase, no entanto, está
na salvação dos perdidos, e no crescimento espiritual em santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor (Hb. 12.14).
BIBLIOGRAFIA
DILLARD, R. B. Faith in the face of apostasy: the
gospel according to Elijah and Elisha. New Jersey: P&R, 1999.
RUSSEL, D. Men of courage: a study of Elijah and
Elisha. Oxford: Christian Focus, 2011.Prof. José Roberto A. Barbosa
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