INTRODUÇÃO
Estamos iniciando mais um trimestre na Escola
Bíblica Dominical, e desta feita, estudaremos a Epístola de Paulo aos
Filipenses. Na aula de hoje introduziremos essa que é uma das mais apreciadas
cartas do Apóstolo. Inicialmente, mostraremos a relação de Paulo com essa
igreja, em seguida, seu propósito, e, ao final, algumas características da
Epístola que revelam Cristo como nossa maior Alegria, e exemplo inconfundível
de humildade.
1. PAULO E A
CIDADE DE FILIPOS
A meta de Paulo era inicialmente adentrar a
província romana da Ásia por ocasião da sua Segunda Viagem Missionária, mas não
obteve êxito. Por isso, tomou a direção do norte, para a Antioquia da Pisídia,
atravessando a cordilheira montanhosa do Sultão Dagh, e prosseguindo para o
norte, aonde chega aos limites da Bitínia, uma província senatorial a noroeste
da Ásia (At. 16.6). Mas ao tentar entrar na Bitínia, pela estrada do norte,
para a Nicomédia, Paulo foi impedido novamente (At. 16.7), voltando-se para
oeste. Em seguida desceu para a costa de Trôade, onde recebeu uma visão, a qual
o desafiou: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At. 16.9). Em companhia de Lucas,
viajou imediatamente para Samotrácia, chegando a Filipos. De acordo com o
relato de At. 16.12, essa cidade era da Macedônia, “primeira do distrito, e
colônia”. A relevância dessa cidade remete ao Sec. IV a. C., quando Filipe II,
da Macedônia, tomou-a dos tracianos. Por isso ela recebeu esse nome, em sua
própria homenagem. Em 42 a. C., essa cidade foi cenário da batalha entre as
forças republicanas de Brutos e Cassius e as imperiais de Otávio e Antonio. Por
volta de 52 d. C., Paulo, acompanhado por Silas e Timóteo, chega à cidade de
Filipos, durante sua Segunda Viagem Missionária (At. 15.40; 16.1-3). O grupo
apostólico se encontra com Lídia, de Tiatira, uma comerciante que negociava
púrpura (At. 16.14), que se converte a Cristo, levando o primeiro grupo de
cristãos de Filipos a congregar-se em sua casa (At. 16.15). O contexto
religioso daquela cidade era de sincretismo, o panteão grego de deuses
congregava uma série de divindades, tanto de origem grega quanto romana. A
deusa Artemis era adorada, sob o nome de Bendis, Marte também era adorado, como
deus tanto da agricultura quanto da guerra. Esse sincretismo religioso pode ser
atestado em At. 16.16, em que uma jovem escrava era usada por um espírito de
adivinhação. Paulo e Silas, após expulsarem aquele espírito da jovem, são
presos por causarem prejuízo, sendo posteriormente libertos, tendo a
oportunidade de plantar uma igreja naquela cidade (At. 16.16-40). Paulo teve a
oportunidade de visitar a igreja de Filipos durante sua Terceira Viagem
Missionária (At. 20.3-6).
2. DATAÇÃO,
PROPÓSITO E ESTRUTURA
A Epístola de Paulo aos Filipenses está
categorizada entre as Cartas da Prisão, as outras seriam Colossenses, Efésios e
Filemon. A data provável de escrita é entre 60 a 63 d. C., em Roma, local no
qual o Apóstolo estava em prisão domiciliar (At. 28.30,31). O objetivo do
Apóstolo, nessa epístola, é agradecer uma oferta generosa que lhe fora enviada
pelos filipenses, cujo portador foi Epafrodito (Fp. 4.14-19); e também para
fortalecer a fé deles, mostrando que a verdadeira alegria é Jesus Cristo. A
expressão-chave da Epístola aos Filipenses se encontra em Fp. 4.4:
“Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos!”. O conceito
de alegria, chara em grego, aparece 16 vezes em quatro capítulos. É maravilhoso
observar que o Apóstolo, mesmo se encontrando em situação adversa, em pobreza
extrema, não perdeu a alegria, que é um dos aspectos do fruto do Espírito (Gl.
5.22). Isso porque, conforme atestaremos mais adiante, ele aprendeu a viver
contente (Fp. 4.11,12), a encontrar a verdadeira alegria ao focar sua atenção
no conhecimento de Cristo (Fp. 3.8), e a obedecer-LHE incondicionalmente (Fp.
3.12,13). O conteúdo da Epístola pode ser assim sumarizado: 1) alegria apesar das
vicissitudes da vida (Fp. 1.4,12; 2.17); 2) humildade e serviço como
característica do verdadeiro cristão (Fp. 2.1-6); e 3) o valor inestimável de
conhecer as profundezas de Cristo, a fonte da alegria (Fp. 3.1-21). Essa
Epístola é altamente cristocêntrica, mostrando a comunhão do Apóstolo com
Cristo (Fp. 1.21). Existem várias propostas de estrutura, a seguir destacamos
uma delas: Introdução (1.1-11) – Saudações e Ações de Graça; As circunstâncias
em que Paulo se encontrava (1.12-26) – O avanço do evangelho por causa da
prisão de Paulo; a Proclamação de Cristo de todas as maneiras; A disposição de
Paulo para viver ou morrer; Assuntos de Interesse da Igreja (1.27-4.9) –
Exortação de Paulo aos Filipenses – perseverança, unidade, humildade, serviço e
obediência; Os mensageiros de Paulo à Igreja – Timóteo e Epafrodito;
Advertência de Paulo a respeito de falsos ensinamentos – a falsa e a verdadeira
circuncisão – a mentalidade terrena diante da espiritual; Conselhos finais de
Paulo – firmeza, harmonia, alegria, equidade, liberdade da ansiedade, controla
da mente; Conclusão (4.10-23) – Reconhecimento e gratidão pela oferta;
saudações e benção final.
3. ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
Paulo, juntamente com Timóteo, servos de Jesus
Cristo, dirigem essa Epístola aos “santos em Cristo que estão em Filipos”, esse
adjetivo “santo” diz respeito àqueles que creem em Cristo (Fp. 1.1). Isso
porque esses filipenses, tal como os coríntios, foram santificados em Cristo
Jesus, que também os chamou para a santificação (Rm. 1.6,7; I Co. 1.12). A
expressão “em Cristo” é relevante nas epístolas paulinas, pois revela que a
salvação vem dessa condição. Por causa dela, podemos desfrutas da “graça e
paz”, do favor imerecido de Deus (Ef. 1.7), e da paz com Deus, podendo, agora,
nos aproximar dEle (Rm. 5.1; Cl.1.20). Em Fp. 1.3-7, Paulo agradece a Deus e
intercede pelos filipenses, reconhecendo que o Senhor começou uma boa obra na
vida deles, e que a completará. O verbo começar, em grego, é enarchomai, que dá
ideia de inaugurar. Ele levará adiante o que começou, não desistirá, pois o
verbo, no original, revela intensificação. Isso quer dizer que Deus, em cada
detalhe das nossas vidas, está trabalhando para construir nosso caráter. Sua
meta é nos conduzir até aquele dia, no qual Cristo aparecerá, para arrebatar a
Sua igreja (I Ts. 4.13-17; II Ts. 1.10). Enquanto isso, o Apóstolo revela sua
preocupação com a expansão do evangelho, do qual os filipenses são também
participantes, sendo nele também perseverantes. Essa é uma verdade que Paulo
destacará nessa Epístola, que a fé deve nos levar a seguir adiante, apesar das
circunstâncias. Essa fé, fundamentada no genuíno amor cristão, deve ser
abundante. O alicerce da fé que gera crescimento é o amor, que deve está
atrelado ao conhecimento e discernimento, com vistas à sinceridade. Existem
muitas versões de cristianismos e evangelhos atualmente. Mas essas não
apresentam “frutos de justiça”, e o pior, não são “para glória e louvor de
Deus” (Fp. 1.11). A marca da verdadeira fé, e que conduz ao crescimento, é o
amor, que deve abundar sempre mais. Todas as versões de cristianismos devem ser
avaliadas com base nesse critério, pois é o amor que mostra nossa nova natureza
em Cristo (II Co. 5,17), e que somos participantes da natureza divina (II Pe.
1.3,4).
CONCLUSÃO
A Epístola de Paulo aos Filipenses, a ser estudada
ao longo deste trimestre, terá como foco a revelação da pessoa de Cristo. Na
medida em que temos consciência que estamos nEle, poderemos crescer em amor cada
vez mais, mostrando que somos participantes do Seu evangelho. Nesses dias
difíceis, nos quais outros evangelhos têm sido pregados, que sejamos
despertados por essa mensagem para uma vida de humildade, sobretudo de alegria,
independentemente das circunstâncias.
BIBLIOGRAFIA
MARTIN, R. P. Filipenses:
Introdução e comentário. São Paulo:
Mundo Cristão, 1985.
MOTYER,
J. A. The message of Phillipians.
Leicester: Inter-versity Press, 1984.
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