INTRODUÇÃO
Após aconselhar os crentes filipenses em relação
aos falsos mestres, Paulo orienta os irmãos filipenses a perseguirem o alvo, em
busca da maturidade cristã, seguido seu exemplo. Esse será o assunto da lição
de hoje, os cristãos não podem viver na mediocridade. Destacaremos a importância
de ir sempre adiante, e a saber lidar com as situações difíceis, na presença ou
ausência dos pastores.
1. EM BUSCA
DO ALVO
Paulo recorre com frequência às figuras de
linguagem em suas epístolas, a principal delas é a analogia, a partir da qual
utiliza temas do cotidiano para se referir a verdades espirituais. Nesse trecho
da Epístola, compara a vida cristã a uma competição, em que cada crente é um
atleta, em busca de um prêmio. O próprio Apóstolo sabe que ainda não chegou ao
nível que deseja, e que ainda não alcançou a perfeição. Ele continua na
disputa, participando dessa corrida, com a intenção de ganhar seu prêmio. Mesmo
assim, prossegue, não se dá por satisfeito, cônscio de que Deus tem muito mais
a oferecer (Fp. 3.12). A palavra perfeição, no grego, é teleios, e nada tem a
ver com ausência de pecado. Na verdade, Paulo tem consciência das suas
limitações, e isso é justamente um sinal de maturidade. Muitos crentes acham
que são perfeitos, e, às vezes, julgam os outros a partir do seu modelo de
perfeição. Retornando à metáfora do atletismo, o Apóstolo está dizendo que
ainda não recebeu o troféu de vencedor. Mas para não perder o foco, toma uma
decisão, se esquece das coisas que atrás ficam e avança em direção as que estão
diante dele. De igual modo, os cristãos não podem viver na mesmice, pois quem
põe a mão no arado não pode olhar para trás (Lc. 9.62) Diferentemente dos
judaizantes, Paulo não fia a
sua fé na carne, no passado, em um ideal de perfeição baseado em legalismo, mas
na completude que se dará no futuro, por ocasião da ressurreição (I Co.
15.52-57). Os competidores de Paulo olhavam para trás, mas o Apóstolo tem seus
olhos fixos no futuro. O atleta que consegue ter vitória não olha para seus
adversários, antes mira continuamente o ponto de chegada, o alvo. A palavra
alvo, em grego, é skopos, é justamente a fita colocada na pista, que identifica
o final da corrida. É essa determinação que deve mover a fé dos crentes, isso
faz com que eles deixem todo embaraço para trás (Hb. 12.1,2).
2.
PERSEGUINDO A MATURIDADE
Há crentes que não conseguem amadurecer por causa
do saudosismo doentio. Eles não conseguem olhar para frente, ficam todo tempo
lembrando os “tempos áureos”. Reconhecemos que vivemos um momento difícil no
contexto evangélico brasileiro. Mas isso não deve ser motivo para desistir da
jornada, antes devemos prosseguir “pelo prêmio da soberana vocação de Deus em
Cristo Jesus” (Fp. 3.14). Tem muita gente se distraindo com as coisas
materiais, tal como a mulher de Ló, são capazes apenas de verem as riquezas de
Sodoma (Gn. 19.26). A teologia da ganância está fazendo com que muitos
cristãos, inclusive obreiros, percam o foco espiritual. Não poucos
pentecostais, por desconsiderarem a Palavra, estão morrendo de inanição. O mero
sentimentalismo está minando a fé de muitos crentes, que se abatem por qualquer
situação adversa. Como não têm firmeza na Palavra, não conseguem amadurecer,
continuam espiritualmente raquíticos. Paulo constatou essa realidade em relação
aos crentes de Corinto (I Co. 3.1-4), tinham muitos dons espirituais, mas lhes
faltava o fruto do Espírito, isto é, uma genuína espiritualidade (Gl. 5.22).
Alguns em Filipos se achavam perfeitos, isto é, que não precisavam mais ir a
lugar algum. Isso era extremamente perigoso, porque esses tais não se submetiam
à autoridade apostólica. Nas igrejas também existem pessoas que não querem mais
aprender. Acham-se sábias demais porque estudam bastante, leem seus compêndios
de teologia, por isso não frequentam a Escola Dominical. Mas Deus está no
comando, no tempo certo Ele revelará aqueles que de fato estão comprometidos
com o evangelho (Fp. 3.16). É no momento da adversidade que os seguidores fiéis
de Cristo se manifestam. Os mercenários querem apenas os benefícios do
“apostolado”, não se arriscam em prol do Reino de Deus. A igreja evangélica,
como o próprio nome o diz, deveria estar fundamentada no evangelho de Jesus
Cristo (Tt. 1.1; 2.10; Gl. 1.6-10). Os crentes imaturos seguem apenas suas
celebridades, os gurus que determinam o que devem ou não fazer. Isso é bastante
cômodo para eles, não têm o mínimo interesse de que as pessoas conheçam as
Escrituras, para continuarem ditando suas regras humanas.
3. SEGUINDO
O EXEMPLO
Mas Paulo não age assim, Ele é um pastor, no
sentido próprio do termo, um apascentador de ovelhas. Ele não apenas diz: “faça
o que eu digo”, em sua prática de vida, acrescenta, “faça o que eu faço” (I Co.
9.1; Gl. 1.11,12; I Co. 11.1). O problema de alguns líderes, principalmente
aqueles mais legalistas, é que colocam sobre as pessoas fardos pesados, que nem
mesmo eles são capazes de carregar (Mt. 23.24). E, às vezes, quando conseguem
obedecer alguns dos princípios que impõem sobre outros, pecam em relação aos
mais gritantes, sem se aperceberem (Mt. 23.23). O Apóstolo conclama os crentes
filipenses à obediência, não porque ele simplesmente é uma autoridade
eclesiástica, mas porque é um homem espiritual, firmado no evangelho de Jesus
Cristo. O verbo andar, em Fp. 3.16, é stochein, um termo militar, que diz
significa “permanecer na linha”. Os cristãos foram chamados à ortodoxia, para
uma doutrina correta. Essa doutrina não é outra senão a salvação por meio da
fé, não pelas obras da lei, mas pela graça, de Cristo (Ef. 2.8,9). Essa
mensagem é escândalo para alguns, tanto para judeus quanto para gregos. O judeu
se mantem atado às suas tradições, depende de sinais, o grego, na filosofia,
depende da razão (I Co. 1.22-24). Mas a palavra da cruz é loucura para os que
perecem, mas para nós que somos salvos, é o poder de Deus (I Co. 1.18). Essa é
a perfeição que adquirimos através de Cristo, não de nós mesmos, pois Ele
mesmo, pelo Seu sacrifício, nos justificou (Rm. 5.1). É a partir dessa verdade
que podemos, todos juntos, como irmãos, contribuir, em comunhão, para a
maturidade mutua (Fp. 3.16). Especialmente a liderança cristã deve investir na
maturidade espiritual da igreja, incentivar os crentes ao estudo da Palavra,
para que esses não sejam sempre dependentes.
CONCLUSÃO
Ainda não alcançamos a perfeição, a plena
completude, essa somente acontecerá no futuro, quando “o que é mortal se
revestir da imortalidade” (I Co. 15.54). Enquanto isso não acontece, devemos
prosseguir rumo ao alvo, o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus. Para
tanto, esqueçamo-nos das coisas que ficaram para trás, investindo na maturidade
espiritual. Não devemos mais nos fiar na religiosidade humana, antes confiarmos
em Deus, que nos conduz, pelo Seu Espírito, à plenitude (II Co. 3.18), em
conformidade ao caráter de Cristo (Ef. 4.13-15).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. Philippians. Michigan: BakerBooks, 2000.
MOTYER,
J. A. The message of Phillipians.
Leicester: Inter-versity Press, 1984.Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
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