INTRODUÇÃO
Moisés finalmente aceitou a missão e assumiu a
posição de libertador, mas essa não seria uma tarefa fácil. Conforme
estudaremos na lição de hoje, Faraó não considerou as palavras do Senhor,
ordenando para que deixasse o povo ir. Pelo contrário, apresentou algumas
propostas ardilosas, a fim de enganar o líder do Senhor. Mas a rejeição de
Faraó serviu para que o povo israelita atestasse o poder do Deus de Abraão,
Isaque e Jacó. Pretendemos, com esta aula, mostrar o poder de Deus, e ao mesmo tempo,
a desmascarar as sutilizas do Inimigo.
1. FARAÓ
DESCONSIDERA OS MILAGRES
A nação egípcia adorava muitos deuses, alguns deles
cultuados pelos israelitas, que acabaram aderindo à fé daquele povo (Ez.
12.12). Esse foi um dos motivos pelos quais Deus precisou intervir, e
demonstrar o Seu poder, não apenas para que os egípcios reconhecessem, mas
também para que os israelitas se dobrassem perante a palavra do Senhor. Mesmo
assim, os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó não atentaram para as
maravilhas de Deus (Sl. 106.7). Dentre essas maravilhas, destacamos os sinais
da serpente, a transformação da água em sangue, e a invasão das rãs. Faraó, ao
invés de se dobrar diante daquelas maravilhas, tratou-as com desdém, incitando
seus magos a reproduzirem tais feitos. Isso mostra que desde muito tempo
Satanás tem o poder de realizar sinais e prodígios da mentira (II Ts. 2.9,10;
Mt. 24.24; Ap. 13.11-15). Paulo nomeia esses magos, “Janes e Jambres”, e os
caracterizam entre aqueles que resistem à verdade, substituindo-a pelo engano
(II Tm. 3.8). Satanás imita o evangelho de Cristo (Gl. 1.6-9), utilizando-se
dos falsos mestres (II Co. 11.13-15). A transformação da água em sangue foi a
primeira praga que Deus enviou sobre os egípcios. Na proporção que Faraó
desconsiderava as calamidades elas iam se tornando cada vez mais graves. Os
magos do Egito fizeram o mesmo utilizando água de um poço, mas se mostraram
incapazes de reverter a praga divina. Diante da relutância de Faraó, o Senhor
enviou abundância de rãs (Sl. 105.30), mostrando que Ele, e não Hecate, o deus
da fertilidade egípcio, estava no comando. O coração de Faraó continua
endurecido, principalmente depois que os magos imitaram os sinais (Ex.
8.19-22). Uma pessoa de coração endurecido se expressa como Faraó: “Quem é o
Senhor para que lhe ouça eu a voz?” (Ex. 5.2).
2. AS PRAGAS
DIVINAS DIANTE DA DUREZA DE FARAÓ
Diante da dureza de coração de Faraó Moisés anuncia
que Deus enviaria uma grande peste sobre os animais do Egito (Ex. 9.1-7). A
mensagem profética se cumpriu e todos os animais morreram, escaparam somente os
animais pertencentes aos hebreus, que viviam na terra de Gósen. Mesmo assim
Faraó não permitiu que o povo seguisse adiante, ele se negou a temer a Palavra
de Deus, a consequência, como sempre, foi o mal (Pv. 28.14). A praga seguinte
não teve qualquer aviso, Moisés e Arão se dirigiram aos fornos de cal, e
jogaram cinzas no ar, transformando-as em úlceras, que atingiu os egípcios e seu
gado (Ex. 9.8-12). Mas Faraó mostrava-se insensível ao sofrimento do povo,
pensava apenas em suas regalias, e na manutenção do seu poder. Em seguida, Deus
envia uma praga mais terrível, uma chuva grande de pedras, como nunca houve no
Egito (Ex. 9.18). Posteriormente, Deus envia trovões e chuvas, granizo e raios,
que corriam pelo chão (Ex. 9.33). As consequências foram drásticas, os animais
morreram, e a plantação destruída. Como qualquer governante ardiloso, Faraó
mandou chamar Moisés e Arão, e demonstrou arrependimento, em virtude da
destruição da sua terra (Ex. 10.17). Moisés sabia que aquele homem não temia a
Deus, estava apenas tirando proveito da situação. Essa é uma lição para a qual
devemos atentar, principalmente nos dias que antecedem as eleições. Os
políticos se aproximam das igrejas, a fim de agradarem os pastores, e seduzirem
os incautos. Alguns deles, querem demonstrar identificação com os evangélicos,
saúdam como se fossem crentes, leem trechos das Escrituras, tudo para causarem
boa impressão. Esses, no entanto, não temem ao Senhor, não têm compromisso com
o povo de Deus, nem mesmo com a comunidade, querem se eleger apenas para
garantirem suas regalias.
3. AS PROPOSTAS
ARDILOSAS DE FARAÓ
A fim de manter o povo de Israel cativo no Egito
Faraó apresenta algumas propostas ardilosas a Moisés. Isso mostra como Satanás,
com suas astúcias, tenta desvencilhar os servos de Deus do plano do Senhor.
Tais propostas também revelam a astúcia dos governantes a fim de manter o povo
cativo em seus interesses. Os discursos de muitos políticos da atualidade ecoam
as falas daquele líder egípcio. A primeira proposta de Faraó estava
fundamentada em um sincretismo religioso, o povo poderia adorar o Deus de
Israel, e ao mesmo tempo, os deuses egípcios (Ex. 8.28). Mas o Deus de Israel
não divide a sua glória com outros deuses, principalmente porque Ele mesmo
havia separado aquele povo para adorá-Lo (Lv. 26.26). Essa tem sido uma prática
evidente no cristianismo contemporâneo, muitos líderes estão fazendo concessões
em relação ao engano a fim de serem aceitos na sociedade. Jesus é o único
caminho, é a verdade e a vida, ninguém pode se aproximar de Deus se não for por
Ele (Jo. 14.6). Como bem lembrou Pedro, em seu discurso em Jerusalém em nenhum
outro há salvação, somente em Jesus (At. 4.12). Como diz o ditado, todos os
caminhos levam à Roma, mas há apenas um que conduz ao céu, e esse é Jesus
Cristo. A segunda proposta de Faraó foi a de que o povo não fosse muito longe
(Ex. 8.28). As estratégias de Satanás, e de alguns líderes tiranos, é a de que
não nos afastemos dos seus interesses. Eles não se importam em fazer
concessões, abrem mãos do supérfluo, mas não do que consideram mais importante.
Satanás detesta mudanças significativas, ele não admite mudanças drásticas (Tg.
4.4,5; I Jo. 2.15). A mulher de Ló é um exemplo de alguém que sai do lugar, mas
não deixa que o lugar saia dela. Ela abandonou geograficamente a cidade de
Sodoma, mas em seu coração os prazeres daquele local a acompanhavam (Gn.
19.17,26; Lc. 17.32). Na terceira proposta Faraó sugeriu uma divisão nas
famílias, apenas os mais velhos partiriam, os mais novos permaneceriam no Egito
(Ex. 10.7). Isso mostra que as famílias hebreias eram organizadas, e viviam em
harmonia (Ex. 6.14-19). A fragmentação familiar seria uma estratégia utilizada
por Faraó para atingir os valores daquele povo. Nos dias atuais as famílias têm
sido solapadas por valores satânicos que estão sendo repassados pelas mídias, e
patrocinados pelos governantes. As famílias cristãs, mesmo diante dos ataques,
devem permanecer alicerçadas dos fundamentos exarados na Palavra de Deus (Ef.
6.10-18). A quarta proposta de Faraó tinha a ver com a aceitação da calamidade,
o líder egípcio admitia a tragédia, contanto que o povo permanecesse (Ex.
10.21-23). Muitos governantes agem de igual modo, principalmente no período das
eleições, ao invés de socorrer o povo, tiram vantagem da desgraça. Há aqueles
que acham que quanto pior melhor, para cooptarem o povo na manutenção dos seus
interesses. Por fim, Faraó propôs a ida do povo hebreu, mas se ficassem as
ovelhas e as vacas (Ex. 10.24). Essa proposta reflete o foco em mercadoria, e
menos nas pessoas, bastante comum nessa sociedade que somente ver bens, e não o
bem das pessoas. Mamom, o deus deste século, está destruindo muitas vidas, o
deus-mercado é quem determina as regras e os relacionamentos (Mt. 6.24).
CONCLUSÃO
Faraó, como alguns governantes que conhecemos,
despreza a Palavra de Deus, a menos que essa satisfaça seus interesses. Satanás
tem usado vários desses para seduzirem a igreja, com suas propostas ardilosas,
substituindo a verdade pelo engano. Mas nossa luta não é contra carne e sangue,
mas contra as potestades do Inimigo, por isso, devemos permanecer firmes, com
toda, para resistir no dia mau (Ef. 6.10-12). E como fez Faraó, não devemos
endurecer nosso coração, antes ouvir a voz do Senhor (Hb. 3.7,8), pois dura
coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb. 10.31).
BIBLIOGRAFIA
MOTYER,
J. A. The message of Exodus.
Leiscester/Downers Grove, IVP, 2005.
WEIRSBE, W. W. Exodus: be delivered. Colorado Springs: David Cook, 2010.
Prof.
Ev. José Roberto A. Barbosa
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