INTRODUÇÃO
A Bíblia nos ensina a chamar Deus de Pai, Abba,
indicando, assim, que somos todos parte de uma família (M6. 6.9). Na aula de
hoje veremos a importância da integração da família cristã dentro dessa família
maior. Ao final, destacaremos aspectos práticos a fim de envolver todos os
membros da família no contexto da igreja. Esperamos, com esta aula, despertar
uma geração de desigrejados que não quer mais envolvimento, principalmente
responsabilidades com a igreja local.
1. JESUS E A
SUA IGREJA
A igreja é composta por pessoas que foram salvas
através do sacrifício de Jesus Cristo. A palavra igreja vem do grego ekklesia
significa assembleia, comunidade. Em sua formação gramatical, vem de klesia
(chamados) e ek (para), dando ideia de pessoas que foram chamadas por Deus. Não
podemos desprezar a igreja porque Cristo demonstrou Seu amor por ela (Ef.
5.25), derramando Seu próprio sangue (At. 20.28). Cristo está trabalhando para
apresentar uma igreja santa perante o Pai (Ef. 5.25-27). Ele é o edificador da
igreja, a Rocha que a sustenta, Sua pedra fundamental (Mt. 16.18; I Pe. 2.4,5).
Ele é o Cabeça da Igreja, isto é, a suprema autoridade, por isso a igreja
cristã não deveria ter papas, a Bíblia, a revelação de Deus, tem a última
palavra (Ef. 1.22). Sendo Ele a Cabeça, a Igreja é o Seu corpo, espera-se,
portanto, que esta dê continuidade à obra que Ele mesmo iniciou (Ef. 1.23; 5.23).
A igreja de Jesus Cristo existe para cumprir um propósito, estabelecido desde a
fundação do mundo (Ef. 3.10-11). A revelação de Deus, manifesta em Cristo, é
dispensada à Igreja, que deve levar até aos confins da terra (At. 1.8). Por
isso mesmo é a igreja, e não qualquer outras instituição humana, a coluna da
verdade de Deus, ela extrai, da Palavra, os fundamentos a partir dos quais vive
(I Tm. 2.15). A relação de Cristo com Sua igreja foi de sacrifício, Ele mesmo
se entregou por Ela (Ef. 5.25). Espera-se, de igual modo, que a igreja dê
continuidade ao sacrifício de Cristo, que complete Seus sofrimentos de Cristo,
não para salvação, mas como marca do verdadeiro discipulado (Mt. 16.24; Cl.
1.24). Mas esse propósito unificador da igreja, por isso vivem em contendas (I
Co. 1.10). Jesus espera que sua igreja seja uma, assim como Ele e o Pai são um
(Jo. 17.1).
2. IGREJA,
FAMÍLIA DE DEUS
Somos filhos de Deus, a Ele nos dirigimos como Aba,
Pai (Rm. 8.18; Gl. 4.1-7; I Jo. 5.19), isso mostra a importância da metáfora
familiar na constituição da igreja. Como membros da família de Deus, temos
profunda inmidade com o Pai (Rm. 8.15), Jesus Cristo é nosso irmão mais velho
(Rm. 8.29), fomos adotados pelo Pai em Cristo (Gl. 4.1-7), não somos mais
escravos (Rm. 8.15). Por conseguinte, nos tornamos coerdeiros de Deus em Cristo
(Rm. 8.17), participando da Sua morte e ressurreição (Rm. 8.11-13), do Seu
Espírito Santo (Rm. 8.14,15), feitos a imagem de Deus (Rm. 8.29), nascidos de Deus
(I Jo. 5.4). Essa filiação implica em responsabilidade, pois devemos viver em
obediência, em conformidade com o caráter do Pai (Ef. 5.1; I Pe. 1.14-17). A
metáfora familiar para se referir à igreja é bastante comum nos escritos de
Paulo. Em I Tm. 1.2,18 o Apóstolo chama Timóteo, seu cooperador, de filho na
fé. E orienta para que o jovem pastor de Éfeso tratasse os mais velhos, na
igreja, como pais e mães (I Tm. 5.4,5). Por isso, os membros da igreja devem
ser tratados como partes de uma mesma família (I Tm. 5.1,2), mostrando cuidado um
com o outro (I Tm. 5,5,16). A relação da família com a igreja é revelada por
Paulo em I Tm. 3.4.,5, colocando a governabilidade daquela como critério para o
ministério pastoral. A família cristã, por conseguinte, é uma extensão da
igreja, não há como a igreja ter saúde se as famílias tiverem problemas. O
marido e a mulher devem viver em conformidade com a Palavra de Deus, em amor
(Ef. 5.22,23). No contexto do lar, bem como na igreja, o amor-agape deve ser a
base dos relacionamentos. Sem o amor-agape, a igreja, e também a família, não
passará de barulho, mera formalidade (I Co. 13.1,2).
3.
ENVOLVENDO A FAMÍLIA NA IGREJA
O envolvimento da família na igreja local é uma
necessidade, não apenas para a continuidade da congregação, mas também para os
próprios membros da família. Estamos nos deparando, nesses dias, com um
movimento contrário à igreja. Tais grupos argumentam que a igreja, em sua
institucionalização, nada tem de bíblica. É bem verdade que a
institucionalização extremada da igreja pode resultar em engessamento. Mas a
alternativa é a do equilíbrio, não devemos incentivar o desprezo pela congregação,
como é costume de alguns (Hb. 10.25). Os desigrejados pensam que estão
contribuindo ao criticar a igreja. Mas na verdade estão retirando muitos do caminho
da fé cristã. As crianças, e principalmente os mais jovens, estão sofrendo com
esse movimento que critica a igreja. Ao invés de descartar a igreja em sua
essência, devemos investir recursos e tempo, para melhorar o convívio em tal
contexto. As igrejas devem fazer todo possível para que as famílias se integrem
aos trabalhos congregacionais. Uma
igreja com saúde busca, prioritariamente, a construção de relações duradouras
entre as pessoas. Muitas igrejas locais estão perdendo a graça, literalmente,
porque se tornaram ambientes de opressão. O amor, que é a vida da igreja, não é
mais cultivado, as pessoas querem apenas cargos, ao invés de servirem uns aos
outros (Cl. 3.22). A igreja local precisa ser um espaço no qual as pessoas
possam se relacionar, não apenas tirar vantagens, mas contribuírem com sua
edificação, não apenas física, também espiritual. Há igrejas que, tal como a de
Laodiceia, têm templos suntuosos, bastante confortáveis, mas que as pessoas não
se sentem parte de uma mesma família (Ap. 3.17). Não podemos esquecer que a
igreja somos nós, por isso, ela será o que cada membro for. As famílias
precisam ir à igreja, não apenas por obrigação, mas para adorar a Deus, e
servirem uns aos outros em amor. A liderança cristã deve investir para que o
ambiente eclesiástico seja agradável, mas sem abrir mão dos princípios bíblicos,
sobretudo do seu papel fundamental, proclamar a verdade do evangelho de Jesus
Cristo.
CONCLUSÃO
No Sl. 122 o salmista expressa sua alegria ao ser
convido para ir ao Templo, a Casa do Senhor. Nós, os cristãos, não dependemos
mais de um espaço físico determinado para adorarmos a Deus, pois Ele busca
adoradores, que o façam em espírito e em verdade (Jo. 4.24). Isso, no entanto,
não deve ser argumento para as pessoas se distanciarem do templos, que
continuam sendo ambiente de adoração, principalmente de exposição das Escrituras.
A família cristã pode resgatar o mesmo princípio do salmista, e se alegrar pela
oportunidade de ir ao Templo, considerando que, ali, se relacionará com outros
cristãos (I Co. 12.12-19), poderá orar coletivamente (Mt. 18.20), e crescer na
doutrina de Deus (I Co. 14.26).
BIBLIOGRAFIA
DeYOUNG, K.,
KUCK, T. Por que amamos a igreja.
São Paulo: Mundo Cristão, 2010.
HUGHES, K.,
HUGHES, B. Disciplinas da família cristã.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006.Prof. José Roberto A. Barbosa
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