INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a respeito da
reciprocidade enquanto característica do amor cristão. Somente aqueles que amam
são capazes de agir pelo outro sem interesse próprio. Essa é justamente uma marca
do genuíno amor cristão – agape – que se mostra desinteressado. No início da aula abordaremos o papel do
contentamento para a expressão do amor-agape, em seguida, a atuação do amor que
a igreja deve ter pelos obreiros, ao final, destacaremos a relevância do amor
do obreiro pela igreja.
1. AMOR
FUNDAMENTADO NO CONTENTAMENTO
Somente pode amar aqueles que aprenderam a estar
contentes, isto é, que não dependem das circunstâncias para ter alegria.
Consoante ao que estudamos na aula anterior, aqueles que desfrutam da paz de
Deus, pode exercitar o amor-agape. É sempre importante destacar que o amor
cristão exige ação. Deus amou o mundo de uma maneira extraordinária e deu Seu
Filho para a salvação dos pecadores (Jo. 3.16). De igual modo, aqueles que amam
a Deus devem demonstrá-lo, tanto amando a Ele, quanto ao próximo (Mt.
22.34-40). Se Jesus demonstrou o Seu amor para conosco, entregando a Sua vida
na cruz do calvário, devemos fazer o mesmo pelos nossos irmãos (I Jo. 3.16). O
amor cristão exige desprendimento, ou seja, disposição para abrir mão do que
tem em prol dos outros (I Co. 13). Vivemos em uma sociedade extremamente
individualista. O capitalismo selvagem está lançando as pessoas cada vez mais
para longe uma das outras. O consumismo também faz com que as pessoas queiram
sempre mais. Por causa disso, as pessoas não querem abrir mão do que possuem
para satisfazer ao necessitado. Essa doença está adentrando até mesmo as
igrejas evangélicas. Tais atitudes são totalmente contrárias àquelas dos
crentes de Jerusalém do primeiro século, que eram sensíveis às carências uns
dos outros (At. 4.34-37). Paulo não sofria dessa enfermidade espiritual, antes
de qualquer coisa, aprendeu a estar contente, independentemente das situações
(Fp. 4.12). Por isso, tanto sabia ter fartura quanto padecer necessidade, nada
o tirava do centro, que é Cristo. Ele é Aquele que o fortalecia, mesmo na
prisão em Roma, e passando por momentos de privações (Fp. 4.13). Há líderes
evangélicos que citam esse texto indevidamente, sem atentar para o contexto,
eles ficam apenas com o “tudo posso naquele que me fortalece”. No contexto,
Paulo mostra que tanto podia viver em fartura quanto em necessidade. É bom
saber viver a partir da porção acostumada, como disse o sábio judeu (Pv.
30.7-10).
2. AMOR DA
IGREJA PELO OBREIRO DO SENHOR
A obra de Deus precisa de reciprocidade, sem essa,
todo trabalho será realizado com dificuldade. Essa verdade se aplica
principalmente ao contexto missionário, em relação àqueles que estão em outros
países. Os crentes devem ser motivados a contribuírem com generosidade para a
manutenção do trabalho missionário. Os que entregam suas ofertas, com alegria,
partilharão do galardão daqueles que estão além fronteiras (I Sm. 30.24). Havia
uma relação de reciprocidade entre a igreja de Filipos e Paulo, esse
envolvimento não era apenas financeiro, mas também afetivo. Toda igreja pode
contribuir bastante enviando ofertas, mas não pode esquecer-se da
responsabilidade relacional. Não é fácil o missionário deixar sua terra, ir
para outra cultura, enfrentar a hostilidade dos povos. Os crentes filipenses,
além de enviar auxílio financeiros para Paulo (Fp. 4.10,17), também proveram
sustento espiritual nas tribulações (Fp. 4.14). Aquele ato de entrega foi uma
demonstração nítida de amor cristão, não apenas um encargo eclesiástico. A igreja
de Filipos tinha um lugar especial no coração do Apóstolo. Era uma igreja
compromissada com o ministério de Paulo, fiel e assumidamente missionária (Fp.
4.15). Os escândalos do movimento gospel não podem ser motivo para deixarmos de
contribuir com as obras reconhecidamente evangélicas. Os obreiros que se
dedicam com denodo à obra do Senhor devem ser recompensados, pois digno é o
obreiro do seu salário (I Tm. 5.17,18). O obreiro, por sua vez, deve ser grato
pela manifestação de amor da igreja. Não apenas o agradecimento é necessário,
também a transparência em relação ao uso dos recursos financeiros enviados.
Paulo sempre foi cuidadoso a esse respeito, tinha uma preocupação ética em
relação à arrecadação e a condução das ofertas para as igrejas (II Co.
8.19-21). A diminuição na contribuição em várias igrejas, além do apego
exagerado as coisas materiais, tem a ver com a falta de zelo dos obreiros no
uso dos recursos arrecadados.
3. AMOR DO
OBREIRO DO SENHOR PELA IGREJA
O obreiro do Senhor deve demonstrar gratidão à
igreja pela entrega dos recursos financeiros, bem como pelo cuidado espiritual
(Fp. 4.10). Ao mesmo tempo, deve ter equilíbrio espiritual para não fiar sua
segurança em bens materiais. Paulo advertiu ao jovem pastor Timóteo para que
esse tivesse cuidado com o amor as riquezas (I Tm. 6.10). Muitos obreiros estão
decaindo no ministério por causa do seu apego ao dinheiro. A motivação
principal para o ministério pastoral nunca deve ser o acúmulo de bens. Essa é
uma deturpação do movimento evangélico desses últimos tempos. Evidentemente
isso não quer dizer que a igreja deve ser irresponsável em relação aos cuidados
básicos dos seus obreiros. Muito pelo contrário, aqueles que se dedicam à
Palavra de Deus, que são exímios ministradores, que presidem bem, devem ser
recompensados (I Tm. 5.17). Mas, esses, por sua vez, não podem depositar sua fé
no dinheiro, sua principal preocupação deve ser a aprovação do seu trabalho
pelo Senhor (I Tm. 2.15). Como Paulo, o obreiro do Senhor deve mostrar a igreja
que sabe está contente, independentemente da situação (Fp. 4.11). Evidentemente
o Apóstolo precisou aprender, por isso afirmou: “em todas as coisas, estou
instruído”. Os crentes que colocam a sua segurança em bens materiais ainda não
aprenderam a confiar totalmente em Deus. Isso é resultado de maturidade cristã,
e às vezes, de experiências frustrantes. O crescimento toma tempo, e em determinadas
situações, é intensamente doloroso. Nem todos podem afirmar com Paulo “posso
todas as coisas naquele que me fortalece”. Um obreiro para chegar a essa
condição precisa ter aprendido a amar a igreja que pastoreia acima de qualquer
coisa. Cada vez mais temos menos obreiros aprovados nesse sentido, o
materialismo está extinguindo os obreiros realmente compromissados com a
Palavra. O amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os males, está arrefecendo o
cuidado dos obreiros pela igreja do Senhor.
CONCLUSÃO
Que Deus desperte crentes amorosos, compromissados
com a Palavra, dispostos a mostrarem reciprocidade em amor. Que as mazelas do
materialismo, transformado em avareza, não solape a fé dos cristãos (Hb.
13.5,6). Que não venhamos a ser consumidos pela preocupação com os bens
materiais (Mt. 6.25-35). Que o amor ao dinheiro nunca venha a nos distanciar
das pessoas. Que nossa relação ministerial nunca esteja baseada em valores, mas
na disposição de se sacrificar pela igreja do Senhor.
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. Philippians. Michigan: BakerBooks, 2000.
WIERSBE,
W. W. Philippians: be joyfull.
Colorado: David Cook, 2008. Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
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