INTRODUÇÃO
Nesta aula nos voltaremos para a função da
liderança na obra do Senhor. Inicialmente destacaremos o papel que essa tem,
destacando sua importância no contexto cristão. Em seguida, trataremos a
respeito da relação de Moisés com seus liderados, enfocando o conselho de seu
sogro Jetro, tendo em vista as múltiplas atribuições deste líder hebreu. Ao
longo da lição mostraremos princípios de liderança que também serão uteis para
a condução do rebanho de Deus, com disposição para o serviço, em amor.
1. A
LIDERANÇA DO SENHOR
Existem muitos cursos de liderança na atualidade,
cada um deles parte de determinados pressupostos a respeito do que significa
liderar. Existem modelos de liderança que são mais ou menos democráticos,
outros se pautam pelo autoritarismo. As técnicas de liderança expostas em
determinados treinamentos disponibilizados nessa área podem ser aplicadas à
igreja. Mas é preciso ter cautela, para não fundamentar a administração
eclesiástica em técnicas meramente humanas. Devemos lembrar sempre que fomos
chamados para uma liderança cristã, por conseguinte, devemos nos pautar em
Cristo, nosso maior exemplo. O estilo de liderança de Jesus é o de líder-servo,
aquele que se sacrifica pelos seus liderados, sempre demonstrando humildade
(Fp. 2.6,7; Jo. 13.8-15). O Apóstolo, ao se despedir da igreja em Éfeso,
ressalta a condição ministerial do obreiro do Senhor (At. 20.28-31). Refletir a
respeito desses ensinamentos é necessário ao líder cristão para não se deixar
conduzir pelos modismos da liderança meramente humana. Por causa da ênfase
demasiada que se costuma dar ao aspecto institucional das igrejas, alguns
líderes estão transformando os templos em empresa, balcão de negócios, vendendo
serviços para satisfazer uma clientela. Como resultado, há muitos que estão
procurando líderes do seu agrado, que não dizem o que é necessário, mas tão
somente o que seus adeptos querem ouvir (II Tm. 4.3). Algumas igrejas
evangélicas estão vivendo a partir da pesquisa de mercado, a fim de aumentar o
número de convencidos, pastores descompromissados com a palavra estão fazendo
concessões com a verdade. A liderança do Senhor deve estar ciente de que
prestará contas ao próprio Deus, o Supremo Pastor, a respeito de como conduziram
o rebanho dEle (I Pe. 5.1-3).
2. UM
CONSELHO PARA OS MINISTROS DO SENHOR
Determinados líderes são demasiadamente
centralizadores, principalmente no contexto assembleiano, que favorece esse
estilo de liderar. Mas esse modelo não é recente, Moisés, mesmo sendo chamado
por Deus para guiar o povo, fracassou nesse particular. Jetro, seu sogro, veio
do oriente para visitá-lo. Destacamos, a princípio, uma virtude de Moisés, o
respeito pelo seu idoso-sogro, indo ao seu encontro, para recebê-lo. Há igrejas
que não respeitam mais os idosos, pastores que prestaram serviço à obra, são
descartados, e em alguns casos, humilhados. Ainda que não concordemos com o
estio de liderança deles, não podemos deixar de prestar a justa reverência, reconhecendo
o esforço que eles empreenderam na obra do Senhor. Jetro era sacerdote gentio
(Ex. 2.16) e conhecia o Deus vivo e verdadeiro, as orientações de Deus pode
chegar de quem menos esperamos. Esse homem piedoso percebeu, naquela visita,
que Moisés estava assoberbado de trabalho. Mais que isso, que havia uma
tendência centralizadora, ou na melhor das hipóteses, esse não estava delegando
tarefas. Talvez isso favorecesse um círculo vicioso, os auxiliares estavam
acomodados porque Moisés fazia tudo, que, por sua vez, não atribuía
responsabilidades (Ex. 4.13, 23; 18.13-17). O líder do Senhor não percebia que
estava conduzindo-se erroneamente na liderança do povo. Por esse motivo é
necessário que os pastores se submetam à mentoria, isto é, às orientações de
líderes mais experimentados, que possam atentar para a realidade a partir de um
ângulo distinto. Isso mostra que Deus pode dar orientações diretamente ao
líder, mas pode usar outros, mais experientes, para guia-lo. Para tanto é
preciso ter humildade, deixar-se orientar pelo outro, mas também é necessário
ter cautela na escolha de um mentor. Com base na percepção de Jetro, Moisés viu
que havia trabalho demais para ele, que resultava em cansaço desnecessário. De
igual modo, muitos obreiros estão trabalhando demais, isso porque têm receio de
perderem o lugar. Há uma síndrome no meio evangélico, que pautada pela política
eclesiástica, favorece o produtivismo, fazendo com que muitos pastores se
tornem reféns do ativismo.
3. OS
AUXILIARES NA OBRA DO SENHOR
A sugestão de Jetro foi apropriada, recomendando a
Moisés que organizasse o campo, de modo a dividir as demandas de trabalho entre
os liderados. Haveria líderes de dez, cinquenta, cem e mil, cabendo a Moisés
decidir em relação aos casos mais necessários (Ex. 18.19-27). Acontecia, na
verdade, uma triagem dos problemas, que seriam resolvidos através da
descentralização, respeitando o grau de dificuldade. O objetivo seria evitar
que Moises fizesse todo o trabalho, o que na prática seria algo inviável. Na
obra de Deus ninguém precisa fazer tudo sozinho, precisamos ser maduros e saber
dividir atribuições com outros. Existem vários livros disponíveis sobre
liderança no mercado livreiro, e que podem ser consultados pelos líderes cristãos.
Alguns deles partem de uma cosmovisão bíblica e são bastante úteis se aplicados
com critérios, respeitando as especificidades das tarefas a serem
desempenhadas. No entanto, conforme já destacamos anteriormente, não podemos
esquecer que estamos trabalhando para o Senhor. Por isso, aqueles que lideram
na casa de Deus não precisam apenas de técnicas, devem ser pessoas de caráter.
O critério não deve ser apenas acadêmico, ou mesmo de competência, os que
auxiliam na obra devem ser “homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade,
que aborreçam a avareza” (Ex. 18.21). A igreja primitiva teve esse cuidado na
escolha dos diáconos, daqueles que iriam servir as mesas, esses deveriam,
sobretudo, serem cheios do Espírito Santo (At. 6.1-7). Há aqueles que, nos dias
atuais, criticam a liderança espiritual na igreja, mas esta tem amplo respaldo
bíblico. Ao invés de censurar os obreiros de Deus, que são dádivas para a
edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.11), devemos orar por eles. De fato
existem líderes que, como os fariseus do tempo de Jesus, põem fardos pesados
sobre o povo, que nem eles mesmos são capazes de carregar (Mt. 23.2-4). Mas
isso não deve ser motivo para generalizações, devemos reconhecer que existem
líderes sinceros, que ao invés de sobrecarregar o povo, os alivia
espiritualmente, seguindo o exemplo de Jesus (Mt. 11.28-30).
CONCLUSÃO
É preciso ponderar se estamos trabalhando para o
Deus da obra ou simplesmente para a obra de Deus. Como despenseiros de Deus, e
líderes cristãos, devemos fugir da liderança centralizadora, principalmente
opressora. Para tanto, precisamos perder o medo de delegar tarefas, sobretudo,
da síndrome da invisibilidade. Há pessoas que têm receio de não serem vistas,
por isso se tornam escravas do ativismo. Uma liderança genuinamente cristã se
baseia no serviço, e na convicção de que estamos trabalhando para Deus e é Ele
mesmo quem avalia e aprova nosso desempenho, não os índices meramente humanos
(II Tm. 2.15).
BIBLIOGRAFIA
MACKINTOSH,
C. H. Estudos sobre o livro do Êxodo.
Diadema: DLC, 2012.
WEIRSBE, W. W. Exodus: be delivered. Colorado Springs: David Cook, 2010.
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