INTRODUÇÃO
No livro de Provérbios encontramos vários conselhos
a respeito do uso apropriado da língua. Se as pessoas atentassem para o que diz
esse texto de sabedoria, evitariam muito males decorrentes do descuido quanto
ao que falam. Na aula de hoje, a fim de orientar os crentes quando aos cuidados
com a língua, destacaremos alguns direcionamentos práticos, a partir de
Provérbios, destacando inicialmente o uso incorreto da língua, e
posteriormente, seu uso correto, e a importância do dominar a língua.
1. O USO ERRADO
DA LÍNGUA
Muitos estão destruindo suas vidas por meio das
palavras, do mau uso da língua. Há os que usam a língua para lisonjear, a fim
de tirarem algum proveito, recorrendo a medidas desiguais (Pv. 20.17; 26;28;
28.23). Devemos ter cuidado com aqueles que se aproximam apenas por interesse,
que destilam palavras de elogio, tão somente para receberem algo em troca. Tão
perigoso quanto está ao redor de pessoas que apenas criticam é também se achar
cercado por aqueles que somente lisonjeiam. Tome cuidado com aquelas pessoas
que se aproximam sempre com palavras elogiosas, desconfie da integridade delas.
A língua também serve para semear intrigas, alimentar contendas. Os néscios
adoram uma briga, vivem procurando situações para debates desnecessários, a fim
de produzir mais uma disputas entre os irmãos (Pv. 18.6). Além disso, essas
pessoas tendem a serem descontroladas, elas se exasperam por qualquer motivo,
não têm controle das emoções (Pv. 29.11). O autor de Provérbios admoesta para
que se mantenha distância dessas pessoas, pois elas além de fazerem o mal para
si, ainda prejudicam os outros (Pv. 22.24,25). O equilíbrio emocional é uma
característica fundamental a ser exercitada. O domínio próprio é uma das virtudes
do fruto do Espírito que precisa ser cultivada (Gl. 5.22). Há aqueles que não
conseguem controlar a língua em relação aos seus irmãos, que não perdem a
oportunidade para fofocarem, e denegrirem a imagem dos outros. O sábio adverte
seus ouvintes quanto àqueles que têm lábios falsos, e que espalham calunias
(Pv. 10.18). Existem pessoas nas igrejas que adoram causar dissenção entre os
irmãos, deixando de atentar para o fato de que essa é uma das obras da carne
(Pv. 16.28; Gl.5.20), tem gente que faz tudo para provocar uma contenda (Pv.
17.19). Isso geralmente acontece recorrendo à mentira, nada pior que lábios
mentirosos, que dão falso testemunho (Pv. 6.16-19; 12.19; 14.25). O livro de
Provérbios critica aqueles que falam demais, na verdade, a quantidade de erros
é proporcional ao da fala. Como se costuma dizer, quem muito fala, muito erra
(Pv. 10.19), por isso ter o controle da língua é uma das marcas do verdadeiro
cristão (Pv. 17.27,28; Tg. 3.7).
2. O USO CORRETO
DA LÍNGUA
Mas a língua pode ser usada para o bem, para dar
conselhos aos mais jovens, a fim de que esses possam adquirir sabedoria (Pv.
10.31), isso porque os lábios do sábio difundem conhecimento (Pv. 15.7). Pois é
ouvindo as pessoas sábias e justas que podemos crescer e adquirir maturidade.
Isso se aplica também à leitura, os jovens que quiserem amadurecer devem ler
bons livros, aprender com aqueles que têm experiências para repassar. A língua
também serve para repreender, e quando a pessoa prudente a ouve, não se
exaspera, antes extrai, das admoestações, procedimentos corretos, o insensato,
por outro lado, as desconsidera (Pv. 17.10). As pessoas sábias não têm receio
de receber conselhos, nem mesmo repreensões, se perceberem nessas a
oportunidade para trilharem um melhor caminho. As pessoas também podem ser
encorajadas através das palavras. Aqueles que são extremamente ansiosos
precisam de palavras de ânimo, e por meio delas encontram motivação para irem
adiante (Pv. 12.25). É intoxicante ficar perto de alguém que apenas destila
palavras venenosas, e às vezes, somente deseja o mal, não tem esperança quanto
ao futuro. Felizmente existem pessoas que têm o poder de curar através das
palavras. Isso acontece porque o que dizem têm poder, não de forma mística,
como defendem alguns adeptos da confissão positiva. A língua, quando bem usada,
estimula e causa efeitos, principalmente se alicerçada na Palavra de Deus (Pv.
15.23). É edificante quando alguém recebe uma palavra no momento oportuno, especialmente
em meio a uma situação adversa (Pv. 16.24). Os estudos psicológicos têm
destacado a importância das palavras no processo curativo. Ouvir palavras
edificantes, e até expressar os sentimentos para pessoas de confiança, tem
função terapêutica. Através da língua podemos também ganhar almas para Jesus,
testemunhar da Sua morte e ressurreição, falar do Seu imenso amor pela
humanidade (Pv. 10.21; At. 1.8), sábio é, no livro de Provérbios, aquele que
conduz pessoas ao caminho correto (Pv.
11.30), que é o próprio Cristo (Jo.14.6).
3. COMO
DOMINAR A LÍNGUA
O verbo dominar, em seu significado dicionarizado,
tem a ver com controlar, mas está relacionado também a domar, domazo em grego,
usado por Tiago (Tg. 3.9). No contexto dessa passagem (Tg. 3.1-10), o apóstolo
destaca os estragos que uma pequena fagulha pode causar, de modo semelhante ao
que a língua pode fazer. A língua tem o poder de consumir não apenas a pessoa
que faz mal uso dela, mas também a todos aqueles que são por ela afetados. A
imprensa de vez em quando noticia um escândalo, alguns deles sem provas cabais,
que causam danos às vidas de muitas vidas. Ela é tão perigosa que pode ser
comparada ao fogo do inferno, que a tudo queima (Pv. 16.27). Os animais, até mesmo os mais selvagens,
podem ser domados, mas nem sempre isso é possível com a língua. Tem gente que
simplesmente não consegue controlá-la, se adianta com facilidade, não tem
domínio do que diz, não pensa antes de falar. Evidentemente qualquer pessoa
pode perder o controle da língua (Tg. 3.8), mas isso não é motivo para deixar
de ter cuidado (Tg. 3.10). Os crentes devem ser comedidos no uso das palavras, para
não destruírem a vida das pessoas, pois uma palavra dita fora do tempo não pode
mais retornar. Somos conhecidos pelos frutos que produzimos, não podemos semear
contendas entre os irmãos, nossas palavras devem ser certeiras, não de engano
(Mt. 5.37). Ao invés de se adiantar, e falar desnecessariamente, o melhor mesmo
é esperar, ouvir mais e falar menos.
Temos dois ouvidos e uma boca, portanto, ouçamos mais e falemos menos (Tg.
1.19). A língua do cristão, diferentemente daqueles que não têm compromisso com
Deus, e muito menos com o próximo, deve ser usada com propósitos úteis, para o
que edifica (I Pe. 3.9,10).
CONCLUSÃO
De acordo com Tiago, da mesma boca pode proceder
tanto benção quanto maldição (Tg. 3.10). Como constatamos ao longo do livro de
Provérbios, existe a possibilidade de usarmos a língua tanto para o bem quanto
para o mal. O crente que foi salvo por Cristo, no entanto, tem como alvo a
santificação, inclusive no falar (Cl. 3.8; II Tm. 2.15-17). Por esse motivo,
deve ter cuidado com o que diz, lembrando, sobretudo, que todo homem dará conta
no juízo das palavras que disseram (Mt. 12.36). Como cristãos, devemos seguir o
conselho de Paulo a Tito: “a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas
moderados, mostrando toda a mansidão, para com todos os homens” (Tt. 3.2).
BIBLIOGRAFIA
AITKEN,
K. T. Proverbs. Lousiville:
Westminster John Knox Press, 1986.
ORTLUND
JR. R. C. Proverbs: wisdom that
works. Illinois: Crossway, 2012.Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa