INTRODUÇÃO
Na Lição de hoje trataremos a respeito de dois
assuntos fundamentais para o cristão: trabalho e prosperidade. O livro de
Provérbios contem vários ensinamentos a esse respeito, por isso, abordaremos
alguns aspectos desses tópicos com base nesse compendio de sabedoria. Ao final,
avaliaremos tais ensinamentos a partir da visão cristã do trabalho e da
prosperidade. Destacaremos a necessidade de uma vida que sacralize cada
instante de nossas vidas, inclusive o trabalho e os recursos financeiros.
1. O
TRABALHO EM PROVÉRBIOS
O livro de Provérbios apresenta algumas orientações
práticas em relação ao trabalho, que não podem ser desprezadas pelos cristãos
da atualidade. As palavras do sábio destaca que o homem tem a responsabilidade
de trabalhar, mais que isso, através dele adquirir o sustento para a vida,
especialmente o alimento (Pv. 12.11; 16.26; 28.19). As declarações sapienciais
do autor remetem ao princípio, quando Deus estabeleceu o trabalho como uma
atribuição para o homem (Gn. 2.15). Por isso, deixar de trabalhar é uma demonstração
de falta de entendimento (Pv. 12.11), cujo final é a morte (Pv. 21.25).
Justamente por esse motivo, o sábio instrui seus leitores para que saibam
discernir a ordem de prioridades na vida, que façam a diferença entre o que
deve ter proeminência, e o que pode ser postergado (Pv. 10.5). O planejamento
ocupa lugar primordial em Provérbios (Pv. 16.1), fazer as coisas no momento
certo é fundamental, mas é preciso também se preparar previamente (Pv. 21.5).
Para o autor de Provérbios, o lucro é resultado do trabalho árduo (Pv.14.23), e
aquele que não demonstra presteza para o trabalho é equiparado ao destruidor
(Pv. 18.9), que conduz a pobreza (Pv. 13.23). A diligência é uma característica
fundamental para o êxito no trabalho (Pv. 12.24), aqueles que semeiam a preguiça
colherão a necessidade (Pv. 22.13). Mas aqueles que trabalham ceifarão os
dividendos do seu esforço (Pv. 12.14), principalmente se demonstrarem
habilidade naquilo que fazem, receberão reconhecimento e recompensa (Pv.
22.29). Mas é preciso que o trabalho seja desempenhado com honestidade,
principalmente quando envolver sociedade nos negócios (Pv. 16.11; 29.24). A
confiança nas relações comerciais advém da honestidade, a desconfiança pode
minar qualquer intento (Pv. 14.25). O
autor de Provérbios mostra preocupação em relação aos necessitados, a fim de
que esses tenham assistência, os direitos deles devem ser garantidos (Pv.
22.28).
2. A
PROSPERIDADE EM PROVÉRBIOS
Em Provérbios, a pobreza está relacionada à
preguiça, a falta de diligência diante das decisões (Pv. 6.9-11; 20.13; 24.34),
mas também à indolência (Pv. 19.15), indisciplina (Pv. 24.34), injustiça (Pv.
13.21-23), opressão (Pv. 14.31; 17.5; 22.16). Nesse livro a propriedade privada
é incentivada, os bens devem ser desfrutados com sabedoria. Existem vantagens na
riqueza, contanto que essas sirvam 1) como fonte de ajuda aos necessitados (Pv.
27.26,27); 2) para proteger do desastre e da tentação (Pv. 10.15; 30.9); e 3) como
meio de adquirir amigos e honras (Pv. 14.24; 19.4; 14.20). Mas essas mesmas
riquezas podem provocar um falso sentimento de segurança, pois aqueles que
confiam apenas em seus pertences cairão em ruína (Pv. 11.28;23.5),
principalmente se esses forem usados para substituir a integridade (Pv. 22.6;
16.8). A prosperidade é importante, pois o Senhor abençoa com riqueza (Pv.
10.22), mas não se compara com a justiça (Pv. 15.6). Nem toda riqueza,
principalmente aquela adquirida com desonestidade, vem do Senhor (Pv. 13.11;
15.16; 16.8). A aquisição de bens deve ter um propósito, o principal deles é
viver com justiça (Pv. 10.2,3; 15.16). O autor de Provérbios apresenta
orientações quanto aos usos dos recursos, não se deve viver com ostentação (Pv.
12.11; 21.17,18; 23. 20,21) A prática da liberalidade é recomendada nesse
livro, o acúmulo de riquezas, em detrimento dos mais pobres, é uma prática do
capitalismo selvagem. O cuidado para com os mais pobres é uma maneira de honrar
a Deus (Pv. 3.5; 19.17; 22.9; 28.27). Ao longo desse livro, o sábio destaca a
importância de se voltar para os mais carentes (Pv. 14.21, 31; 17.5; 19.17;
22.9,16,22), tratando-os com generosidade (Pv. 11.24; 19.6). Até mesmo os
inimigos devem ser socorridos nas horas de privação (Pv. 25;21,22).
3. TRABALHO
E PROSPERIDADE
A Bíblia ensina que: 1) o trabalho é uma ordenança
divina (Gn. 1.28; 2.15); 2) que assim devemos fazer enquanto vivermos (Gn.
3.19); 3) que não necessariamente o trabalho é uma punição (Ec. 2.24,25); 4)
que devemos trabalhar em obediência, não apenas ao empregador, mas também a
Deus (Cl. 3.22); 5) que qualquer trabalho, independentemente da atribuição,
deve ser feito com excelência (Pv. Ef. 6.6,7); 6) que nenhum trabalho honesto é
desonroso (I Co. 10.31); e 7) esse pode ser uma oportunidade para o testemunho
(Mt. 5.16). Isso porque os cristãos são sal da terra e luz do mundo, por isso
não apenas na igreja, mas também no trabalho, devem dar exemplo (Mt. 5.13-16; I
Pe. 2.12). Não devemos fugir do trabalho, pois no mundo em que vivemos, temos a
responsabilidade de trabalhar, e prover o sustento para as nossas famílias (I
Ts. 3.9), se assim não fizermos, seremos piores que os infiéis (I Tm. 5.8). Mas
é preciso ter cuidado com as prioridades, a justiça, e não propriamente as
riquezas, deve ser o objetivo principal (Pv. 11.4, 28; 16. 8). A Palavra de
Deus nos ensina que Deus não está fora do nosso trabalho. Muito pelo contrário,
ela admoesta a sacralização de tudo o que fazemos. A distinção entre trabalho
eclesiástico e secular é um equívoco. A diferença mais apropriada seria entre o
trabalho cristão e o profano, o primeiro glorifica a Deus, o último O
envergonha. Quando o cristão desempenha suas funções no trabalho com
responsabilidade, demonstra que está comprometido com Deus. Jesus é um exemplo
para aqueles que servem a Deus, Ele afirmou que o Pai trabalhava e que fazia o
mesmo (Jo. 5.17). Paulo, o apóstolo dos gentios, também trabalhou, e recomendou
para que os crentes agissem de igual modo (II Ts. 3.7-10). Recomendamos, no
entanto, cautela para não se tornar escravo do trabalho, vivendo em constante
ansiedade a respeito do futuro (Mt. 6.34). Na medida em que trabalhamos devemos
aprender a viver contentes (I Tm. 6.6), e não apenas satisfazer nossas
necessidades, também a dos outros (Gl. 6.2).
CONCLUSÃO
Ao contrário do que prega o mundo, o trabalho não é
uma maldição, mas uma criação divina, o próprio Deus trabalha. Ele também nos
criou para o trabalho, o fardo é resultado do pecado, da desobediência (Gn.
3.17-19). Em Cristo, podemos aprender a desfrutar do trabalho, mais que isso,
nossas atribuições devem ser desempenhadas com responsabilidade, sempre
buscando a excelência (Cl. 3.17). Principalmente se o produto do nosso trabalho
servir para a difusão do reino de Deus, e para o sustento da família, e daqueles
que se encontram em condição de necessidade.
BIBLIOGRAFIA
AITKEN,
K. T. Proverbs. Lousiville: Westminster
John Knox Press, 1986.
ORTLUND
JR. R. C. Proverbs: wisdom that
works. Illinois: Crossway, 2012.Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
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