INTRODUÇÃO
Ao longo deste trimestre estudaremos os dons
espirituais e ministeriais, uma oportunidade ímpar para conhecer os dons que
Deus disponibiliza para o serviço cristão. Na aula de hoje apresentaremos os
dons espirituais (charismata/pneumatikon) e ministeriais (diakonia). Mas antes,
destacaremos os doadores: o Espírito Santo e Jesus Cristo. Ao final,
mostraremos a necessidade de que homens e mulheres sejam capacitados para o
serviço, e que isso acontece por meio desses dons que são disponibilizados por
Deus.
1. E ELE DEU
Há um equívoco entre os cristãos
evangélicos, mas
propriamente entre os pentecostais. Alguns acreditam que são
proprietários dos
dons, ou seja, donos deles, mas os dons são de Deus, disponibilizados
para a
igreja. Ele é o Doador, que concede, aos
homens, para o serviço cristão no Corpo de Cristo. Outro equívoco é o de
pensar
que os dons são para dar status eclesiástico àqueles que os utiliza. Na
verdade os dons são funcionais, ou melhor, têm serventia para cumprir um
proposito, mais
especificamente a edificação da igreja (Ef. 4.12-16). Há também o
equívoco de
pensar que os dons espirituais são dispensados por méritos pessoais.
Ninguém é
usado por Deus, através dos dons espirituais ou ministeriais, porque é
digno
(Rm. 12.6; I Pe. 4.10), não podemos esquecer que fomos salvos pela graça
de
Deus (Ef. 4.9,10). Os dons procedem de Deus, Ele é a fonte dos dons,
tanto os
espirituais (charismata/penumatikon) quanto os ministeriais (diakonia). A
distribuição dos dons é um trabalho da Trindade, o Pai enviou Cristo, e
depois
o Espírito Santo (Jo. 14.6; 20.21). A concessão dos dons espirituais e
ministeriais vem de Deus, sendo que existem os dons do Espírito (I Co.
12.4-7),
e os dons de Cristo (Ef.4.11). É importante destacar que há mais de nove
dons
espirituais, não apenas aqueles listados por Paulo em I Co. 12.8-11. Em
Rm.
12.3-8 encontramos uma lista, diferente daquela exposta na I Epístola
aos Coríntios, no capítulo 12, são eles: profecia, ministério,
ministração, ensino, exortação, partilha, presidência e
misericórdia. Esses dons, de acordo com o texto, são todos provenientes
de
Deus. Os dons, grosso modo, partem de Deus para a igreja, a fim de
constituir
uma unidade na diversidade (Rm. 12.5). A dispensação dos dons, tanto os
espirituais quanto ministeriais, é de Deus, mas há também participação
humana. No
texto de Rm. 12.3-8, Paulo instrui os crentes a desenvolverem os dons.
Diferentemente dos dons de I Co. 12.8-11, que têm caráter mais
instantâneo, e
aspecto notadamente sobrenatural.
2. DONS
ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
Há diferentes palavras para dons em hebraico,
destacamos: berekah, minhah, korban e teruma. Berekah é geralmente traduzida
por benção, e diz respeito aos pronunciamentos de coisas boas em relação a
outros (I Sm. 25.27; II Rs. 5.15-18). A palavra minhah traz o significado de
oferta, geralmente entregue como parte do culto. Korban também significa oferta
ou dádiva, trata-se de um dos termos mais gerais no hebraico para a oferta.
Teruma pode ser traduzido como oferta, porção, dom ou contribuição. O verbo dar
é natan em hebraico, que comunica a ação de entregar algo a alguém (Lv. 26.4;
Dt. 11.14). No grego do Novo Testamento, temos as palavras doreá, no sentido de
dádiva, sendo Cristo a maior dádiva de Deus (II Co. 9.15; Rm. 5.15; Ef. 3.4). O
próprio Espírito Santo é uma dádiva de Deus, depois que o pecador se arrepende
dos seus pecados (At. 2.38; 8.20; 10.45; 11.17). O termo dóron também transmite
o significado de dádiva, relacionado especificamente às ofertas a Deus (Mt.
5.23,24; Lc. 21.1-4). Outra palavra grega associada às dádivas é eleemosuné, de
conotação mais social, relacionada à contribuição aos necessitados (Mt. 6.2;
Lc. 11.41; At. 9.36; 10.2). Palavras de bênçãos também podem ser pronunciadas
na Nova Aliança, são as eulogias, cujo significado é o de expressar nosso desejo
de que Deus abençoe os outros. A palavra charisma, em grego, está associada aos
dons do Espírito Santo (I Co. 12). Mas tem uma dimensão mais ampla, tendo em
vista que Timóteo recebeu um charisma, quando lhe impuseram as mãos, um dom
para o exercício ministerial (I Tm. 4.14; II Tm. 1.6). Dentre os charisma que
Paulo recebeu, destacamos o do celibato, tratando-se, portanto, de uma
capacitação de Deus, não de uma imposição humana (I Co. 7.7). As palavras
gregas relacionadas aos dons espirituais são charismata e pneumatikon, o
primeiro diz respeito aos aspectos da graça na capacitação dos dons, e o
segundo, ressalta o Espírito Santo como a fonte dos dons (I Co. 12.11).
3. AOS
HOMENS
Os dons espirituais e ministeriais foram
destinados
aos homens e mulheres da igreja, com vistas ao serviço (diakonia), e
mais
especificamente, à edificação do Corpo de Cristo. Os dons espirituais e
ministeriais não devem ser ignorados, é necessário que os membros da
igreja se
interessem por eles, mas é preciso usá-los com equilíbrio (I Co. 12.1).
Os
homens e mulheres de Deus, quando usados pelo Espírito, através dos
dons, devem
exercitá-los com responsabilidade, sobretudo com zelo e amor (I Pe.
5.2,3). Há
igrejas ditas pentecostais que estão se distanciando dos dons
espirituais,
algumas delas sequer ensinam a respeito do batismo no Espírito Santo,
bem como a buscar os dos dons espirituais. Uma pesquisa feita
recentemente nos Estados
Unidos constatou que cada vez mais pentecostais estão falando menos em
línguas.
Se uma pesquisa desse tipo for feita no Brasil talvez o resultado não
seja
diferente. Os pentecostais estão se envergonhando dos fundamentos da sua
fé. O
batismo no Espírito Santo, como virtude de poder, para testemunhar de
Cristo,
precisa ser resgatado (At. 1.8). Os dons espirituais também devem ser
estimulados, não devemos proibir os membros da igreja de buscá-los (I
Co.
14.9), a responsabilidade pastoral é a de instrui-los à utilização, com
decência e ordem (I Co. 14.40). Todos devem buscar os dons, visando
sempre o
outro, a valorização de um dom, repousa justamente na capacidade de
edificação dos
membros (I Co. 12.31; 14.1). Os dons, tanto espirituais quanto
ministeriais,
devem ser exercidos em amor, considerando que esse – agape - é o caminho
sobremodo excelente (I Co. 13). Muitos dons, sem amor, e mais
apropriadamente,
sem o fruto (Gl. 5.22), pode resultar em desequilíbrio espiritual. A
igreja de
Corinto era muito fervorosa, mas deficiente na espiritualidade, com
demonstração de carnalidade, implicando
nas dissenções no seio da igreja (I Co. 3.3-5).
CONCLUSÃO
Os dons espirituais e ministeriais são
fundamentais
para o desenvolvimento espiritual das igrejas locais. Os membros do
Corpo de
Cristo devem desejar e buscar os dons, para a edificação (I Co. 12.31;
14.1).
Os dons espirituais de I Co. 12.8-10) se caracterizam por serem
instantâneos,
enquanto que os dons de Rm. 12.6-8, e de Ef. 4.11 são desenvolvidos ao
longo de
um processo. Teologicamente os dons espirituais, com base na lista de I
Co.
12.8-10, são categorizados assim: 1) Sabedoria: palavra de sabedoria,
palavra de
conhecimento e discernimento de espírito; 2) Poder: fé, curas e operação
de
maravilhas; e 3) Elocução: profecia, variedade de línguas e
interpretação de
línguas. Busquemos, pois, os melhores dons, mas sem esquecer-se de
cultivar o
amor cristão. Em relação aos dons ministeriais, conforme Ef. 4.11, são:
1) apóstolos,
2) profetas, 3) evangelistas, 4) pastores e mestres, todos para o
aperfeiçoamento dos santos. Oramos para que não nos falte dom algum, até
o dia da manifestação em glória do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
(I Co. 1.7).
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, J. R. A. Assembleia de Deus: em que cremos. Mossoró: Queima-Bucha, 2012.
OLIVEIRA, R.
F. de. A doutrina pentecostal hoje.
Rio de Janeiro: CPAD,1983.Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
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