Os dons de revelação são classificados dentro dessa terminologia porque estão relacionados ao conhecimento. Mas tal ciência não depende de atributos meramente humanos, ditos naturais, mas de Deus, que sobrenaturalmente, descortina o desconhecido. Na aula de hoje aprenderemos sobre os seguintes dons de revelação, conforme listados por Paulo em I Co. 12.8-11: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento (ciência) e discernimento de espíritos.
1. PALAVRA DE SABEDORIA
Existem diferentes tipos de sabedoria, a sabedoria
satânica, geralmente empregada para o engano, com propósitos malignos. A
principal característica da sabedoria satânica é a inveja, e o sentimento
faccioso, que resulta na desunião (Tg. 3.14-16). Satanás teve a pretensão de
ser maior do que Deus, e de competir com Ele em posição (Ez. 28.12-17). Depois
que Deus colocou Adão e Eva no jardim, Satanás semeou a dúvida no coração dos
primeiros pais (Gn. 3.1), e os conduziu para a queda (Gn. 3.4,5). Existe também
a sabedoria humana, resultante da investigação, na verdade, a sabedoria se
distingue do conhecimento. Este se caracteriza pelo acúmulo de informações,
enquanto que aquele diz respeito à aplicação apropriada do conhecimento. É
nesse sentido que os autores de Provérbios encaminham seus leitores à
obediência, no temor do Senhor, como princípio da sabedoria (Pv. 4.7). É essa
mesma sabedoria que Tiago diz que Deus dá a todos aqueles que O pedirem, e a
buscam (Tg. 1.5). O dom de sabedoria (gr. logos sophia), na instrução de Paulo
aos coríntios, é uma manifestação por meio da qual Deus responde, através dos
lábios do crente, a uma necessidade de orientação, que não pode ser realizada pelos
meios naturais. A liderança da igreja pode conduzir o rebanho com a sabedoria
que vem do alto, para solucionar um problema, tal como aquele que resultou na
escolha dos diáconos para o serviço na igreja (At. 6.1-3,10). Por isso esse dom
é manifesto através de uma palavra, isto é, de uma expressão, que nos é
intuída, sobrenaturalmente, diante de um acontecimento e/ou interrogação. As
respostas que Jesus deu aos seus opositores, durante seu ministério público,
exemplificam a manifestação desse dom. Aos ser interrogado pela mulher
samaritana, a respeito do lugar correto para a adoração, Jesus responde que os
verdadeiros adoradores são buscados por Deus, e que esses o fazem em espírito e
em verdade (Jo. 4.24). Existem várias passagens, ao longo dos evangelhos em que
Jesus se utiliza da palavra de sabedoria: 1) pedido de partilha da herança ao
irmão (Lc. 12.13); 2) indagação sobre a validade do batismo de João (Mt.
21.25); 3) questão a respeito do pagamento de tributo a Cezar (Mt. 22.21). e 4)
debate sobre a ressurreição dos mortos (Mt. 22.32). Deus pode usar os irmãos da
igreja para responder às perguntas de crentes e descrentes diante de situações
adversas, assim como fez com Filipe, quando questionado pelo Eunuco, a respeito
da salvação (At. 8.26-30).
2. PALAVRA DE CONHECIMENTO
2. PALAVRA DE CONHECIMENTO
Esse dom diz respeito à ciência, ao conhecimento de
algo em ocorrência, ou que está para acontecer. Trata-se de uma manifestação de
consciência que não poderia ser sabida pelas vias naturais, por meio de
investigação ou pesquisa. Esse conhecimento não é educacional, resultado de
estudos, nem mesmo o bíblico. Evidentemente não devemos nos opor à análise do
texto bíblico, uma exegese apropriada evita equívocos interpretativos, e o
surgimento de heresias no seio da igreja. Afinal Deus é a fonte do conhecimento
espiritual, ninguém pode saber quem Ele é a menos que Ele mesmo queira se
revelar (I Co. 2.4; 13.9). Quando estamos estudando a Bíblia, considerando os
princípios de interpretação, dependendo do Espírito Santo, estamos conhecendo o
que nos foi revelado na Palavra, que é inspirada pelo mesmo Espírito (II Tm.
3.16). Mas o dom da palavra do conhecimento (gr. logos gnoseos) é uma expressão
instantânea resultante de uma revelação do Espírito (I Co. 12.8). Devemos
partir do pressuposto que Deus é onisciente, que por esse motivo Ele conhece
todas as coisas. É possível identificar exemplos no ministério de Jesus da
manifestação da palavra de conhecimento. Ele tinha revelação de fatos que
estavam ainda por acontecer, não precisava que alguém lhe dissesse determinados
assuntos, nem mesmo a respeito das pessoas (Jo. 2.25). Jesus conhecia seus
discípulos, por isso revelou-lhes que Lázaro estava doente, mas que tal
enfermidade não seria para morte (Jo. 11.4-11). Os discípulos questionaram a
respeito da Sua morte, mas Ele sabia, desde o princípio, que se fazia
necessário padecer, morrendo e ressuscitando dentre os mortos (Mt. 16.21).
Antes da páscoa Jesus enviou Seus discípulos a uma aldeia, a fim de trazerem um
jumentinho, no qual adentraria a cidade de Jerusalém (Mt. 21.2). Ele os enviou
também para prepararem o lugar da páscoa, dando orientações a respeito, que
fora encontrada tal como Ele os dissera (Lc. 22.8-13). Quando Jesus encontrou
Pedro, identificou-o como um futuro pescador de homens (Lc. 5.8-10; Jo. 1.42).
Também se expressou em relação a Natanael como um homem em que não havia dolo
(Jo. 1.47). Na conversa com a mulher samaritana, Ele revelou que ela tinha
cinco maridos e o que tinha naquele momento não lhe pertencia (Jo. 4.18,18).
Antes de ser crucificado, após ter sido preso pelas autoridades, Jesus
antecipou a Pedro que este o trairia (Lc. 22.34). Como Cristo decidiu
esvaziar-se da Sua glória (Fp. 2.7), não da divindade, fez a opção de depender
do Espírito Santo em Seu ministério terreno, atuando através da capacitação do
Espírito Santo (Lc. 4.1,18).
3. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS
3. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS
O dom de discernimento de espírito é uma
capacitação sobrenatural, dada pelo Espírito Santo, para identificar
manifestações que não procedem de Deus. Nada tem a ver com o julgamento humano,
partindo de critérios analíticos, fundamentados na psicologia. Há quem pense
que o dom de discernimento de espírito serve para identificar as falhas dos
outros, ou que é uma antecipação do pensamento alheio, com base em técnicas
humanas e/ou satânicas. O dom de discernimento de espíritos (gr. diakrisis
pneumaton) é uma habilitação sobrenatural que permite a identificação da
natureza e do caráter dos espíritos. Não podemos esquecer que Satanás pode se
transformar em anjo de luz, para difundir o engano inclusive dentro da igreja
(II Co. 11.14). Estamos diante de uma batalha espiritual, portanto, precisamos
estar preparados, inicialmente com toda armadura de Deus, para vencer as hostes
celestiais do Maligno (Ef. 6.11,12). Para tanto devemos cingir os lombos com a
verdade, vestir a couraça da justiça, calçar os pés com a preparação do
evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito
(Ef. 6.13-17). Precisamos, para vencer as hostes satânicas, permanecer atentos
quanto ao “espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef. 2.2). E
saber que o espírito do Anticristo, está presente no mundo (I Jo. 4.1-3).
Existem manifestações desse dom no ministério de Cristo, Ele revelava que seus
opositores agiam pelo espírito do Diabo (Lc. 13.11-16), que algumas
enfermidades eram provenientes de opressão maligna (Mt. 12.22; Mc. 9.25; Lc.
8.29). Paulo, que foi usado pelo Espírito para revelar que havia um espírito de
adivinhação em uma jovem em Filipos (At. 16.16-18), admoesta os crentes, através
de Epístola a Timóteo, quanto às falsas doutrinas dos últimos dias (I Tm. 4.1).
O engano na igreja pode ser identificado através do ensinamento bíblico, por
isso Paulo instrui Timóteo a ensinar (I Tm. 4.11). Mas em alguns casos, de modo
sobrenatural e instantâneo, o Espírito Santo pode capacitar a igreja a
identificar uma atuação enganosa. Isso evita que a igreja seja conduzida ao
erro, e se deixe levar pelo ensino dos falsos mestres, que querem desvirtuar o
rebanho de Deus (At. 20.30).
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Os dons de revelação são imprescindíveis para a
igreja cristã, por meio deles somos capacitados, sobrenaturalmente pelo
Espírito Santo, para responder às indagações que nos são postas, através dos
opositores da fé. Esse mesmo Espírito também pode nos capacitar para conhecer
realidades que não poderíamos pelas vias naturais. Isso importante para
demonstrar, para os descrentes, que Deus conhece todas as coisas. Por fim, o
Espírito Santo, em algumas circunstâncias, pode dar aos crentes a capacitação
para identificar o engano, evitando, assim, que sejamos desencaminhados pelos
falsos mestres, que são guiados por Satanás e suas hostes celestiais.
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
SOUZA.
E. A. de. Nos domínios do
Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 1987.
WIGGLESWORTH,
S. On spiritual gifts. New
Kensisington: Whiteker House, 1998.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
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