1. A SUCESSÃO DE ELIASElias
tinha consciência da sua transitoriedade, mais que isso, reconhecia a
necessidade de um sucessor. Por isso, próximo de ser tomado pelo Senhor
em um redemoinho, partiu de Gilgal, mas em companhia de Eliseu (II Rs.
2.1). Essa é uma característica fundamental de todo homem ou mulher que
exerce função de liderança na igreja. Jesus deu o exemplo preparando
Seus discípulos ao longo do ministério. Paulo formou filhos na fé que
foram capazes de conduzir o rebanho de Deus. O movimento evangélico no
Brasil está em crise. Muitos pastores não vislumbram mais o futuro da
obra, muito menos os valores do Reino. Eles querem se eternizar em seus
cargos, têm receio de perderem “a benção” terrena. A maioria deles não
prepara sucessores para assumir a obra quando partirem. E quando o
fazem, escolhem não com base na orientação de Deus, mas nas
conveniências pessoais. Aqueles que estavam próximos a Elias sabiam que
Eliseu seria o sucessor, e o próprio Eliseu também (II Rs. 2.2-6).
Certamente Eliseu se destacou na escola dos profetas, ele era aquele
aluno que chamou a atenção do mestre. As pessoas a quem Deus chama têm
um potencial que não pode ser negado. Elas geralmente são as mais
interessadas nas “escolas dos profetas”. A preparação faz parte do
processo de formação de um líder, ele precisa tanto de conhecimento
teórico quanto prático. As escolas e institutos bíblicos, bem como as
Escolas Dominicais exercem papel preponderante na formação de líderes.
Se quisermos encontrar líderes que queiram dar continuidade à obra de
Deus, não desprezemos aqueles que estão nesses contextos.
2. O TRANSLADO DE UM PROFETAAntes
de ser transladado Elias passou por um percurso geográfico e, ao mesmo
tempo, espiritual. Ele estava em Gilgal, depois seguiu a Betel, somente
depois ao Jordão. Gilgal foi o princípio, naquele lugar Josué acampou
com o povo de Israel (Js. 4.19). Depois Elias prosseguiu para Betel, um
lugar de oração, onde Abraão edificou um altar ao Senhor (Gn. 12.8).
Somente depois ele partiu para Jericó, o lugar da batalha, e finalmente
para o Jordão, de onde subiu. Aquela jornada fazia parte também da
formação dos seus sucessores. Eliseu reconheceu a necessidade de
acompanhar Elias naquele momento. O sucessor do profeta prometeu não
deixá-lo sozinho, sabia do valor do homem de Deus (II Rs. 2.6). A
ausência de comunhão entre os líderes deste tempo é algo preocupante. A
competitividade se instaurou de tal maneira no seio da igreja que os
pastores não conseguem mais confiar uns nos outros. Eles estão sempre
disputando terreno, querendo ser um maior do que outro. A insegurança
tem feito com que muitos adoeçam tanto no corpo quanto na alma.
Precisamos desesperadamente de “eliseus” entre os pastores. Líderes em
quem se possa confiar, principalmente nos momentos mais difíceis. Essas
pessoas podem, como Eliseu, desejarem o ministério profético, e até
mesmo o pastorado, pois excelente coisa almeja (I Tm. 3.1,2),
respeitando o tempo de Deus. Aqueles que passam o cajado, devem saber
quando devem fazê-lo para não sacrificar a obra de Deus. Elias fez um
pedido ousado, queria ser profeta. Não estava pedindo comodidade, antes
um ministério atuante. Esse é o principal problema de alguns líderes
eclesiásticos, eles não querem assumir o preço do ministério profético. A
seara continua grande, mas os ceifeiros ainda são poucos (Mt. 9.37).
Nem todos querem ir para a seara, preferem os grandes centros, onde há
status e riqueza. Eliseu não pediu para ser sacerdote, mas profeta, essa
é uma diferença que não pode ser desconsiderada. Pedir a porção dobrada
no ministério não significava, como alguém possa pensar, maior
visibilidade. Com a porção dobrada viriam maiores exigências, e por
conseguinte, grandes responsabilidades.
3. DIGNO DE SER LEMBRADOEnquanto
Elias e Eliseu conversavam, veio, repentinamente, um carro de fogo, com
cavalos de fogo e separou os dois. Eliseu viu, admirado, quando Elias
foi tomado ao céu em um redemoinho (II Rs. 2.11). É interessante
observar que Deus também pode manifestar sua presença em momentos
simples do cotidiano. Jesus disse que onde estivessem dois ou três
reunidos em Seu nome ali Ele se encontraria (Mt. 18.18-20). Há quem
pense que o Senhor somente se manifesta nos grandes encontros. Deus
tomou Elias enquanto os dois conversavam, certamente a respeito das
maravilhas do Senhor. Precisamos valorizar mais as coisas pequenas da
igreja, não apenas os eventos vultosos. Eliseu aprendeu muito com os
momentos que esteve a sós com Elias, em conversas, talvez,
despretensiosas. Os discípulos de Jesus extraíram verdades, que se
encontram registradas nos evangelhos, a partir de diálogos simples. A
conversa de Jesus com Nicodemos (Jo. 3) e com a Mulher Samaritana (Jo.
4) são dois exemplos dessa verdade. O líder que será lembrado não é
aquele que ver multidões, mas pessoas. Elias é lembrado porque o seu
ministério esteve focado sobretudo em gente, não em estruturas sociais,
distanciadas de Deus. Muitos líderes eclesiásticos ficarão na lembrança
de poucos. Eles fazem autopromoção em demasia, pois já sabem que cairão
no esquecimento. Mas Elias, e todos aqueles que têm compromisso com a
Palavra de Deus, serão identificados. Acazias soube, pelas
características, que Elias era o profeta de Deus (II Rs. 1.3-8). Esta
geração carece de verdadeiros homens e mulheres que sirvam ao Deus vivo e
verdadeiro (I Rs. 17.1). Elias foi também lembrado por ser um homem de
oração (Tg. 5.17,18). Os líderes eclesiásticos precisam orar mais e
brigar menos, somente assim poderão dar glória a Deus, falar a palavra
dEle, e não a deles mesmos (I Rs. 18.36).
CONCLUSÃOO
mesmo poder que esteve sobre Elias está disponível para os cristãos
hoje (Ef. 3.18-21), não apenas em porção dobrada, mas em abundância (Jo.
16.23; At. 1.8; 2.2-4). Para recebermos precisamos orar, pois esta é a
vontade Deus, dar o Seu Espírito à Igreja (Lc. 11.11-13). Muitos não
receberam o Seu poder porque não pedem, nõ se interessam, querem apenas
bênçãos materiais (Tg. 4.2,3). A vontade de Deus é que sejamos cheios do
Espírito Santo, peçamos, pois, Ele nos atenderá (I Jo. 2.14,15). Mas
não nos afastemos das Escrituras, saibamos manuseá-la, para sermos
aprovados por Deus (II Tm. 3.16,17).
BIBLIOGRAFIAGETZ. G. Elias: um modelo de coragem e fé. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
Prof. José Roberto A. Barbosa
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