INTRODUÇÃO
A transfiguração de Cristo, no Monte, é um dos textos que revela a
glória do Senhor, antes mesmo da Sua morte e ressurreição. Na lição de hoje
enfatizaremos esse importante episódios registrado nas páginas dos evangelhos.
Inicialmente trataremos a respeito do evento propriamente dito, em seguida, a
representação de Moisés e Elias em tal contexto, e ao final, refletiremos sobre
a condição de cada crente após a transfiguração de Cristo.
1. A TRANSFIGURAÇÃO DE
JESUS
A transfiguração de Jesus
foi um evento particular (com alguns discípulos) e histórico (em tempo
determinado), pois “seis dias depois”, Jesus tomou consigo “Pedro, Tiago e a
João”, e os conduziu a um monte alto (Mt. 17.1). Esses apóstolos eram os mais
próximos de Jesus (Lc. 6.12). Eles foram chamados, naquela circunstância, com o
propósito específico de serem testemunhas oculares (Mc. 14.33). O monte, ao que
tudo indica, se tratava do Tabor, situado cerca de 16 quilômetros de Cafarnaum.
Mateus diz que “foi transfigurado diante deles”, e que seu rosto “resplandeceu
como o sol” (Mt. 17.2). Suas vestes também foram modificadas, se tornaram “brancas
como a luz”. Jesus, enquanto participante da glória divina, fez raiar essa luz.
Esse momento glorioso antecipou, no plano escatológico, a glória que nEle
haverá de ser revelada (Jo. 12.16,23; 17.5,22-24; II Co. 3.18; Mt. 13.43). Há
quatro aspectos revelados naquele episódio: 1) a glória de Jesus – a palavra
traduzida por transfiguração em português é metamorfose, que significa uma
mudança exterior, proveniente do interior. Do interior de Jesus irradiou uma
luz, ressaltando, assim, Sua glória essencial (Hb. 1.3). Esse acontecimento
serviria para fortalecer a fé dos discípulos, o próprio Pedro confessou que
Jesus era o Cristo, após aquele momento (Jo. 11.40); 2) a glória do Reino de
Jesus – a transfiguração demonstrou a glória do Reino que está por vir (Mt.
16.28), cujo cumprimento visível se dará por ocasião do Milênio (Ap. 19). Após
o arrebatamento da igreja (I Ts. 4.13-17), haverá a Tribulação, que terá fim
quando Cristo vier em glória, como Rei dos reis e Senhor dos senhores; 3) a
glória da cruz de Jesus – sofrimento e glória não são incompatíveis, Pedro
aprendeu essa lição, e a registrou em sua epístola (I Pe. 1.6-8,11; 4.12). A
morte de Jesus não foi uma derrota, mas uma conquista, não no plano político,
mas espiritual, libertando as pessoas do sistema mundano (Gl. 1.4), do
desespero (I Pe. 1.18) e da iniquidade (Tt. 2.14); e 4) a glória de sua
submissão – aquele foi um ato de entrega, no qual Jesus deu o exemplo aos
discípulos de que estava disposto a desfazer-se da glória para acatar o
sofrimento. Aquela realidade inquietou os discípulos, principalmente a Pedro,
que se negou a aceitá-la (Mt. 16.22).
2. MOISÉS E
ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO
A presença de Moisés e Elias, durante a transfiguração de Cristo, tem
um significado. Mateus diz que “apareceram Moisés e Elias, falando com ele (Mt.
17.3). A visão possibilitou que os discípulos reconhecessem aqueles dois
personagens como Moisés e Elias. Moisés representava a autoridade da Lei, é um
símbolo do judaísmo, associado à vinda do Messias. Elias representava os
profetas, sendo um dos maiores entre eles, confirmando, assim, a atuação
messiânica de Jesus na terra. Moisés e Elias revelaram a aprovação do Pai em
relação à missão de Jesus. O aparecimento daquelas duas figuras aponta para a
aprovação do Pai do ministério messiânico de Jesus (Mt. 17.5). Aquele foi um
momento aprazível para os discípulos, que foram levados a perceberem a
transitoriedade daquela circunstância. Isso serve de lição para muitos cristãos
nos dias de hoje. Eles pensam que estão debaixo da transfiguração de Jesus, por
isso, esquecem-se da cruz. Como os discípulos, acham que é muito bom está ali,
sem atentar para a missão a ser desempenhada na terra (Mt. 17.4). Há igrejas
que se acomodam demasiadamente, a glória do templo os impede de saírem para
libertar os cativos. Como Pedro, gostariam de ficar diante do Cristo
transfigurado, querem construir “três cabanas, uma para ti, outra para Moisés,
e outra para Elias”.
3. APÓS O CRISTO
TRANSFIGURADO
Certamente aquele foi um dos maiores momentos testemunhados por
aqueles discípulos, e que os marcariam permanentemente. Mas eles não
conseguiram compreender o significado daquela revelação. Talvez pensassem que
se tratava da glorificação plena de Cristo, que aconteceria depois da
ressurreição. Esse continua sendo um problema para a igreja desses dias. A
teologia da glória tem recebido ênfase demasiada em detrimento da teologia da
cruz. Alguns crentes parecem que estão vivendo já no reino milenial de Cristo.
Não querem mais adoecer e pensam que estão isentos do sofrimento, querem apenas
a plena prosperidade. É preciso destacar que estamos na condição do “ainda
não”, o “já” está na dimensão do espiritual. É bem verdade que curas existem, e
que não é proibido desfrutar de benção materiais. Mas elas não podem retirar o
foco da glória que em nós haverá de ser revelada. Enquanto esse dia não chegar,
tenhamos a consciência de que não podemos ficar no “monte da transfiguração”. O
mundo nos espera, as palavras de Moisés e Elias nos impressionam, mas estão
subordinadas ás palavras de Cristo (Mt. 17.5; Gl. 1.8,9; Hb. 1.1,2). Ele mesmo
levantou os discípulos, dizendo que não tivessem medo. Moisés e Elias
desapareceram, diante deles estava apenas Cristo, não mais transfigurado (Mt.
17.8). O sofrimento da cruz o aguardava, e também a do discipulado, que
caracteriza aqueles que seguem a Cristo (Mt. 16.24).
CONCLUSÃO
Após descerem do monte Jesus orientou aos discípulos para que nada
dissessem até que Ele mesmo ressuscitasse (Mt. 17.9) e fez a exegese de um
texto do Antigo Testamento, mostrando que o Elias que haveria de vir na verdade
era João Batista, (Mt. 17.11). Não que João Batista fosse a reencarnação de
Elias, mas um antítipo, isto é, o cumprimento de um tipo. Quando chegaram à
multidão, aproximou-se de Jesus um homem, implorando para que libertasse seu
filho oprimido (Mt. 17.15). Eis aqui a missão da igreja, não pode fugir da sua
responsabilidade, pois ainda não chegou a hora da sua plena transfiguração (I
Co. 15.54).
BIBLIOGRAFIA
GETZ. G. Elias: um modelo
de coragem e fé. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e
humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.Prof. José Roberto A. Barbosa
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