sábado, 31 de março de 2012

Perseguição Domiciano aos Cristãos



O imperador Domiciano, de natural inclinado à crueldade, deu morte primeiro a seu irmão, e logo suscitou a segunda perseguição contra os cristãos. Em seu furor deu morte a alguns senadores romanos, a alguns por malícia, e a outros para confiscar seus bens. Depois mandou que todos os pertencentes à linhagem de Davi fossem executados.
Entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição estavam Simeão, bispo de Jerusalém, que foi crucificado, e são João, que foi fervido em óleo e depois desterrado a Patmos. Flavia, filha de um senador romano, foi do mesmo modo desterrada ao Ponto; e se ditou uma lei dizendo: "Que nenhum cristão, uma vez trazido ante um tribunal, fique isento do castigo sem que renuncie a sua religião".
Durante este reinado se redargüiram várias histórias inventadas, com o fim de danificar os cristãos. Tal era a paixão dos pagãos que toda fome, epidemia ou terremoto que assolasse qualquer das províncias romanas, era atribuída aos cristãos. Estas perseguições contra os cristãos aumentaram o número de informantes, e muitos, movidos pela cobiça, testemunharam em falso contra as vidas de inocentes.
Outra dificuldade foi que quando qualquer cristão era levado ante os tribunais, era submetido a um juramento de prova, e se recusavam tomá-lo, eram sentenciados a morte; também, se confessavam serem cristãos, a sentença era a mesma.
Os seguintes foram os mais destacados entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição.
Dionísio, o areopagita, era ateniense de nascimento, e foi instruído em toda a literatura útil e estética da Grécia. Viajou depois a Egito para estudar astronomia, e realizou observações muito precisas do grande eclipse sobrenatural que teve lugar no tempo da crucifixão de nosso Senhor.
A santidade de sua forma de viver e a pureza de suas maneiras o recomendaram de tal modo entre os cristãos em geral que foi designado bispo de Atenas.
Nicodemo, um benevolente cristão de alguma distinção, sofreu na Roma durante o furor da perseguição de Domiciano.
Protásio e Gervásio foram martirizados em Milan.
Timóteo, o célebre discípulo de são Paulo, foi bispo de Éfeso, onde governou zelosamente a Igreja até o 97 d.C. neste tempo, quando os pagãos estavam para celebrar uma festa chamada Catagogião, Timóteo, enfrentando-se à procissão, os repreendeu severamente por sua ridícula idolatria, o que exasperou de tal modo a plebe que caíram sobre ele com paus, e o espancaram de maneira tão terrível que expirou dois dias depois pelo efeito dos golpes.

FONTE: O livro dos Mártires de John Fox

Lição 1 - Apocalipse, a Revelação de Jesus Cristo



Lição 1 - Apocalipse, a Revelação de Jesus Cristo



A REVELAÇÃO


Falar do Apocalipse de João, o apóstolo, faz-nos lembrar na realidade das revelações pretéritas, hodiernas e futuristas da igreja do Senhor, e isso dá um “nó” na nossa mente limitadamente humana, o autor, João, parece exacerbar em um hermetismo cabalístico, mas na realidade em nada João quis ser esotérico e/ou místico, mas que pelo contexto histórico e cultural da igreja, naquela época, forçou-o a usar uma linguagem figurada, como também a utilização de símbolos quase que “indecifráveis”, pois a perseguição ferrenha de Domiciano produzia um sentimento de medo incomensurável, medo não da morte em si, mas da não chegada das informações contidas naquela carta, isso nos faz lembrar o período da ditadura militar no Brasil, onde os pensadores e questionadores de um sistema político “dizimador” da democracia e da liberdade de expressão que, até hoje persiste no meio milico, era indagado e posto em xeque, estes que indagavam eram exilados, expulsos e até mortos, os seus textos, suas cartas, músicas, livros e artigos eram incinerados. O poder assolador de um sistema mais dado e comprometido com os ideais malévolos do Diabo, como o próprio João afirma “Eu sei que vocês moram aí onde está o trono de Satanás”. (Ap. 2.13) Do que com a fidelidade da fé para com Deus.
Revelação, segundo Severino Pedro 2011, é herdada originalmente do latim revelare, usado na tradução da palavra “gãlô” do hebraico e mais exatamente ligado ao termo grego apokalypto que na septuaginta traduz a palavra hebraica já citada. Segundo outros etimólogos a palavra apocalipse e/ou revelação significa descobrir o encoberto, deixar aparecer, revelar, tirar o que estava escuro e mostrar claramente. É uma relação bem interessante que se assemelha materializadamente, com a revelação de fotografias como dantes falei.
Tão revelador que em seu capítulo 1.2, “João contou tudo o que viu” (NTLH), seu interesse era anunciar o mais rápido possível às igrejas tudo o que ocorrera, ocorre e ocorrerá durante a caminhada na igreja na terra, não que Jesus tenha formado uma “igreja” na terra, mas as bases desta foram deixadas para o consolador, o Espírito Santo deveria construi-la, fazê-la através de nós igreja do Senhor, (At 2), e esse processo começa por volta do ano de 28 d.C. (Mas, a perseguição à igreja do Senhor já existia desde esse início).
Nesse primeiro momento da igreja eles não sentiam como se estivessem, ou pertencessem a um novo ramo religioso, pelo contrário, consideravam-se autênticos judeus que haviam recebido e visto cumprir a promessa do meshiac, ou o messias. Não queriam dividir a casa judaica, pelo contrário, queriam uni-los pela promessa cumprida por Deus, agora eles estavam no período messiânico. Por isso, segundo lemos em Atos a primeira pregação não foi com a idéia de se assumir uma nova religião, mas de acreditarem na promessa feita há muito tempo atrás aos seus antepassados, e que deixassem a incredulidade, porque o Prometido de Israel esteve na terra deixando sua mensagem divina morrendo e ressuscitando dentre os mortos.
Mas, para os judeus não cristãos o cristianismo não era uma nova religião, mas uma seita herética oriunda do próprio judaísmo. Por isso, em princípio os seguidores de Jesus não ofereciam qualquer perigo ao judaísmo, até que começaram a espalhar o evangelho pregado por Jesus entre os outros judeus, “perturbando” e “tentando” os bons judeus da época. Foi aí que o cristianismo passa a ser uma grave ameaça. Inicialmente a perseguição judaica aos cristãos não era tão potente, pois as autoridades romanas, muitas vezes intervêm e coloca o problema como doutrina interna da religião, obrigando-os a resolver estes problemas internamente, pois para eles eram todos judeus.
A divisão entre judaísmo e cristianismo só passou a ter destaque quando os judeus organizam uma insurreição liderada pelos fariseus, quando os cristãos que já tinham muitos gentios em seu meio, colocaram-se alheios a tal movimento, mostrando que eles não faziam parte deste tipo de organização “emancipatória”. Sabe-se que esse movimento judaico cresceu e foi destruído no ano 70 d.C. Quando os romanos invadem, destroem o templo de Jerusalém, após alguns dias do sitiamento desta capital. Foi aí que Roma começou a tratar o cristianismo como uma religião a parte do judaísmo. Também notaram que o cristianismo se expandia de forma notadamente destacada com a pregação de um evangelho de igualdade entre os homens.
A perseguição começa
Nero, o louco, como era conhecido foi um imperador notadamente bem visto pela população nos seus primeiros anos de reinado, ou seja, 54 d.C a 60 d.C. provavelmente, pois suas primeiras leis beneficiavam os pobres e a maioria da população que estava sob a tutela do imperador romano, mas isso não duraria muito, em um ato de loucura, como tudo leva a crer, ele maquina incendiar a cidade, sob a égide de reconstrução da cidade a seu gosto, como acusavam alguns. Ao passo do tempo, a população começou a se revoltar, queriam saber realmente quem era o culpado de tanta destruição, queriam justiça.
Durante o incêndio, Nero estava tocando lira, e segundo alguns historiadores cantava sobre a destruição de Troia, mostrando sua sórdida personalidade, um forte desejo maligno de auto-suficiência. Muitos desconfiaram dele, até porque aqueles que se opunham a sua forma de governar eram mortos misteriosamente, ou então recebiam ordem de se suicidarem. Mas, desta vez ele passou dos limites e ficou acuado, não sabia o que fazer, então em uma idéia súbita e após notar que dois dos bairros que não foram incendiados eram compostos basicamente por cristãos (em sua maioria) e judeus. Não pensou duas vezes e noticiou que os culpados do grande incêndio seriam os cristãos, como Tácito, o historiador afirma “Nero fez aparecer como culpados os cristãos, uma gente odiada por todos por suas abominações, e os castigou com mui refinada crueldade”. E essa perseguição durou até o fim do império de Nero no ano de 68 d.C.
Após Nero tivemos alguns imperadores que não empreenderam grandes perseguições aos cristãos, foram eles: Galba (68-69), Oto (69), Vitélio (69), Vespasiano (69-79), Tito (79-81). Após estes apareceu o imperador chamado por João de Satanás, era ele, Domiciano (81-96) com o retorno a uma implacável perseguição que duraria ainda com os próximos imperadores: Nerva (96-98), Trajano (98-117) e Adriano (117-138).
Foi durante o império de Domiciano que João, como apóstolo de Jesus é exilado a Patmos, como um preso político, já idoso e o último entre os apóstolos que ainda estava vivo, o apóstolo das palavras de amor de alto conhecimento teológico passa a escrever o livros das revelações, orientando, exortando, mostrando e profetizando sobre os acontecimentos vindouros, as perseguições, as heresias que queriam entrar de forma sorrateira nas igrejas, e todo o porvir revelado diretamente pelo nosso Senhor.
Apocalipse é e sempre será, enquanto estivermos aqui na terra, um livro controverso, muitos tentam interpretá-lo comparando-o a eventos já ocorridos, outros tentam decifrá-lo a possíveis eventos futuros, outros acham que tudo foi cumprido nos primeiros séculos, mas que na realidade sabemos que ele tem muito a nos ensinar!

Professor Érick Freire

sexta-feira, 30 de março de 2012

Os Deuses na Escola



Afinal, ler ou não ler a Bíblia na escola? Minha resposta é um enorme e forte “sim!”. Espantado? Não deveria um filósofo contemporâneo ser ou ateu ou agnóstico ou, ainda, plural e, então, pedir que junto com a Bíblia fossem lidos outros livros de outras religiões?

Há filósofos ateus. Não é o meu caso, pois eu não tenho buscas teológicas, as questões de religião, no âmbito da fé, não são questões para mim. E quanto ao pluralismo, também não tenho que defendê-lo nesse caso, pois não posso colocar no mesmo plano os textos de todas as religiões do mesmo modo que não posso colocar no mesmo plano a medicina chinesa e a medicina ocidental na escola, ou a física de Aristóteles e a de Newton. Durkheim nos ensinou que cada escola tem antes de tudo um respeito pela cultura na qual emerge e que tem a função de reproduzir, só secundariamente incorpora ou aponta vantagens (e desvantagens) de elementos de outras culturas. Dito isso, posso então falar positivamente da minha tese da Bíblia nas escolas.

A Bíblia é, junto com a Ilíada, a Odisséia (Homero) e a Teogonia (Hesíodo), base de nossa cultura moral. Ela é essencialmente um livro ético-moral, tanto para crentes como para não crentes, juntamente com os outros livros mitológicos citados. Nossas referências todas, para a construção da identidade de bípedes-sem-penas ocidentais, estão nesses livros, principalmente se acrescentarmos A República, de Platão. Ora, não temos pessoas na sociedade necessariamente voltadas para a castração dos livros de Platão ou dos livros da mitologia grega, mas não podemos dizer o mesmo em relação à Bíblia. Na nossa sociedade há quem busque ler a Bíblia de modo literal, mesmo que isso não faça sentido. Não podemos censurar essas pessoas, em geral os evangélicos (ou católicos pressionados pelo crescimento do mundo evangélico), pois vivemos em uma democracia liberal que garante a liberdade religiosa. Mas, a escola pública brasileira, que é laica, tem o dever de mostrar o lado mais culto da Bíblia para as crianças – as maneiras corretas de ler clássicos. A escola pública nossa, que é laica, republicana, não pode se omitir. E isso não em nome somente da preservação da cultura e do que nos dá identidade, mas também em nome do desenvolvimento cognitivo das crianças. Eu explico.

Crianças que aprendem a ler só de modo literal, sem entender o que são figuras de linguagem e o que são níveis e gêneros literários, não aprendem a ler corretamente. Tornam-se analfabetos funcionais ou, pior, ficam parecidas com limítrofes, pois começam a usar os textos sem perceber que eles possuem lugares de encaixe apropriados. Por exemplo: não posso ler o mito da criação como uma explicação científica ou mesmo como uma explicação tout court, pois lhe falta encadeamento racional. Explicação e compreensão, essas duas noções, exigem que as narrativas sigam ou por encadeamento racional e/ou por relações de causa e efeito. Não é o caso das narrativas míticas. Por exemplo: o mito da criação fala em Adão e Eva e não fala em mais pessoas, portanto, se Abel teve filhos, eles foram feitos com Eva? A Bíblia se cala. Você pode dizer: “ah, bom, Deus criou mais gente e isso não foi contado”. Essa é uma saída – mas é uma resposta tola. A melhor saída é esta: o mito é mito, não é um relato para explicar o surgimento do mundo do mesmo modo que é o relato do Big Bang e da Teoria da Evolução, porque o mito é, nesse caso, um conto moral. Você não precisa deixar de ser religioso para afirmar isso. Pois você pode muito bem acreditar que o conto moral é um presente divino para nós todos, de modo a nos fazer aprender o ethos que devemos seguir. Isto é, você não precisa acreditar que Deus lhe deu um presente cujo gênero literário é o da explicação, porque Deus simplesmente optou por lhe dar um presente bem melhor, algo do âmbito da ética, um texto com lições normativas. Tomando o mito da criação como uma história moral, você pode tirar dele o que ele quer ensinar. Por exemplo: quer ensinar que os homens não devem se achar deuses só porque são mais poderosos que os animais, eles, os homens, não devem querer comer da “árvore do conhecimento”. Ora, por que ler assim? Por uma razão simples: as outras religiões também possuem mitos cujo sentido é parecido. No mito grego isso também aparece: Prometeu é um deus que entrega o fogo aos homens, algo que Zeus não queria que ocorresse porque dava ao homem a sensação dele possuir os mesmos poderes dos deuses. Toda religião tem esse ensinamento: que o homem entenda suas limitações, para não fazer bobagem consigo mesmo e com os animais e tudo o mais. Isso pode ser ensinado na escola, protegendo a cérebro infantil daqueles que querem fazê-lo perder essa capacidade de interpretação.

Agora, se a criança é criada e educada em um ambiente em que os textos só possuem uma interpretação, isso é ruim. Mas, se as crianças crescem num ambiente em que os textos não somente só possuem uma interpretação, mas tal interpretação é não racional, aí a coisa piora bem. No primeiro caso, gera-se alguém que poderá ser um adulto dogmático. No segundo caso, dá-se abertura para gerar um imbecil. Não perceber a diferença entre o que é uma narrativa racional e o que não é uma narrativa racional não é algo inato, é aprendido. Nesse sentido, a criança presa ao lar evangélico, que a faz ler a Bíblia buscando explicação em textos que não foram escritos para explicar e, sim, para dar caminhos morais, pode adquirir sérios danos cognitivos. Essa prática pode gerar o adulto que se imagina culto e, no entanto, ao agir e falar, será ridicularizado no meio culto, ou simplesmente será tomado como “café com leite”. Trata-se daquela pessoa que não entende as distinções e finalidades dos discursos, os gêneros literários distintos e o papel das várias retóricas em cada narrativa. Pessoas assim começam a não perceber que são burras e, no entanto, são burras. Os cultos e inteligentes as desprezam. Elas começam a ter dificuldades em lugares em que a cultura não foi posta no lixo. E então, ficam ressentidas, magoadas, de mal com a vida. Algumas dessas pessoas tendem a se tornar vingativas, más, exatamente porque não sabem a razão pela qual estão sendo colocadas de lado. Eis aí o quadro maligno: uma nação em que há enormes grupos se sentido assim, não pode ir bem e a democracia começa a correr riscos. John Dewey temia como ninguém que a América seguisse esse caminho.

Assim, até mesmo para que não tenhamos riscos para a democracia, deveríamos ler a Bíblia na escola, por meio de um profissional competente, alguém que tivesse cultura suficiente para pegar o livro como um belo livro de ética. É certo que é uma ética dos Hebreus, mas é uma ética que, com Jesus e, depois, efetivamente com Paulo, se pretendeu universal. E tornou-se universal para o Ocidente.

Você pode ainda objetar: “mas Paulo, a escola pública laica está um lixo, encontrar bons professores para fazer isso é impossível”. Ora, em tese seria este um serviço do professor de filosofia, ajudado pelo de história, não? Não podemos, em tese, partir da idéia de que não temos professores e, portanto, ficarmos de braços cruzados e não encaminhar o que é o correto. Temos de ir tentando fazer as coisas certas, enquanto que, por outro lado, vamos brigando para que o salário da carreira do magistério aumente de modo que os mais inteligentes queiram optar pela vida de professor. Não creio que isso seja impossível. Não acho que essas coisas devam ser postas separadamente. São lutas contínuas e conjuntas. É a nossa vida, é o que temos e vivemos. Não vamos fugir. Não há para onde fugir.

Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo, escritor e professor da UFRRJ.

quarta-feira, 7 de março de 2012

FILOSOFAR





Provavelmente poucas pessoas ou ninguém vai ler isso que escrevo:
Filosofar é pensar por conta própria; mas só se consegue fazer isso de um modo válido apoiando-se primeiro no pensamento dos outros, em especial dos grandes filósofos do passado. A filosofia não é apenas uma aventura; também é um trabalho, que requer esforços, leituras, ferramentas. Os primeiros passos costumam ser rebarbativos, e já desanimaram a muitos.
Ninguém pode filosofar em nosso lugar, e claro que a filosofia tem seus especialistas, seus profissionais, seus professores. Mas ela não é uma especialidade somente destas pessoas. Temos visto que muitos adolescentes, já possuem a capacidade para lidar razoavelmente bem com ideias e argumentos teóricos. Ou seja, pensar filosoficamente necessita somente de habilidades básicas humanas. Num certo sentido, todos nós filosofamos ao longo de nossas vidas. A atividade filosófica é mais comum do que parece. Assim, para filosofar não é necessário ser um gênio, ou ter uma erudição grandiosa; não é necessário conhecer profundamente todos os filósofos da história, ou conhecer alguma ciência profundamente. Todos esses elementos podem ajudar a filosofar.O exercício fim da Filosofia é justamente pensar a realidade, por mais vago que isso possa parecer. Nesse sentido, todos nós filosofamos de uma maneira ou de outra, de uma forma mais cuidadosa ou menos cuidadosa.
Mas, por que a Filosofia parece ser tão difícil?

Poderia mostrar muitas outras respostas para essa complicada pergunta, mas quero apenas mostrar uma, para a nossa reflexão:
1)Porque, de certa forma, pensar a realidade é algo complicado. Basta pensar que cada um de nós tem uma noção de realidade que, invariavelmente, é baseada em experiências muito pessoais. É totalmente diferente a noção de realidade para alguém que passa boa parte da vida em situações precárias, é bem diferente da noção de realidade de um que tem de tudo para satisfazer suas necessidades. Mesmo entre pessoas de uma mesma família ou comunidade, as noções de realidade podem diferir. Por causa disso, as pessoas seguem estilos de vida tão diferentes.

Quando vejo as pessoas dizerem que a Filosofia é muito difícil, e que isso é coisa de doido, eu diria para essas pessoas que filosofia é tão difícil quanto a Matemática ou a Biologia, a História, o Português e o Inglês; e que é tão fácil quanto a Matemática ou a Biologia, a História, o Português e o Inglês. Se um estudante estiver realmente interessado e decidido a aprender e a pensar de forma dedicada, então a Filosofia não lhe irá ser tão cruel. Mas se não estiver particularmente interessado em se dar ao trabalho de aprender e de pensar cuidadosamente, então a Filosofia será, como qualquer outra disciplina, uma verdadeira dor de cabeça. Assim, o truque para que a Filosofia não se torne uma grande dor de cabeça é ter sempre a cabeça a trabalhar. Coloque sua cabeça para trabalhar dependente da disciplina.

A Filosofia, como muitas outras disciplinas, é a tentativa de resolver certo tipo de problemas ou, pelo menos, de compreendê-los melhor. Aqueles que não se sentirem motivados para enfrentar problemas e preferirem respostas prontas a usar irão achar a disciplina difícil. Os que não desistem a primeira quando encontra pela frente problemas que os façam pensar, sentir-se-ão em casa e irão pensar que a Filosofia é muito estimulante.