quinta-feira, 26 de abril de 2012

Dicas para iniciantes em Filosofia

1) Habitue-se a ler os textos filosóficos como quem dialoga. Fazendo perguntas, concordando ou discordando. Converse mentalmente com o autor, entenda o que ele realmente quer dizer, faça perguntas, veja se o texto as responde. Concorde ou discorde, encontre outros argumentos para colaborar com a visão do autor ou para desmenti-lo.
2) Num texto filosófico, é importante ter clareza dos conceitos trabalhados. Alguns filósofos criam significados diferentes para termos que costumamos usar em outro sentido. Preste bastante atenção ao texto, verifique se os conceitos usados estão definidos no próprio texto. Sempre que um conceito não estiver claro, leia novamente, interrogue o autor através do que ele escreveu. Faça como Sócrates, pergunte: "o que é liberdade?" (se o texto fala desse assunto), "o que é intuição?" (quando um autor usa esse termo). Se preciso, consulte um dicionário de filosofia.
3) Sempre que as ideias (principalmente as conclusões) de um autor parecerem estranhas ou insustentáveis, procure acompanhar todo o raciocínio que o levou a fazer as afirmações que fez. Faça o exercício de se colocar no lugar daquele pensador e refaça o caminho da sua argumentação. Lembre-se que entender não significa concordar. Se por acaso as conclusões que o filósofo propôs são explicáveis, mas mesmo assim inaceitáveis, procure pensar em argumentos que justifiquem uma posição contrária. A filosofia nasceu e sobrevive até hoje do livre debate de ideias.
4) Observe notícias veiculadas pelos meios de comunicação social. Pergunte-se pelo objetivo daquela notícia, se o que é informado poderia ter outra versão. Pense em alternativas à mera aceitação do que é veiculado. Filosofia requer espírito crítico
5) Habitue-se também a ler tirinhas, charges, poesias, letras de música. Procure observar obras de arte com atenção. O que esses "textos" nos dizem? Os temas são interessantes? São pertinentes? Qual o posicionamento do autor? É possível pensar em alternativas? Quais? A arte pode abordar questões filosóficas complexas de modo descontraído e despretensioso. A análise dessas obras ajuda a educar nosso olhar e a aguçar a mente.
6) "Perca" um pouco de tempo estudando lógica, esta disciplina é uma ferramenta poderosa para análise de argumentos válidos e descoberta de falácias, ou seja, argumentos inválidos ou ruins. Se falamos que em filosofia é importante argumentar bem, contra-argumentar, discutir, avaliar, então estamos falando de um uso lógico do pensamento e de uma organização lógica das ideias. Qual o critério para distiguir bons e maus argumentos? Seguramente é a lógica e o bom senso.
7) Esteja disposto(a) a rever seus posicionamentos sempre que houver boas razões para isso. Se o conhecimento filosófico não fosse passível de crítica, os pensadores não seriam mais que repetidores dos antepassados. Todos temos (pre)conceitos, e eles são necessários, pois nenhum conhecimento surge do nada. Mas somente quando confrontamos nossos (pre)conceitos com conceitos alternativos, mais razoáveis, é que podemos nos certificar de que nossa postura é realmente boa. Ou não. O bom filósofo é humilde o suficiente para rever pontos de vista que se revelaram contraditórios, insuficientes ou ingênuos.
Autor: Tiago Luís

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